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01 fevereiro, 2009

A Busca - 4ª parte

Rever teus amigos após tantos anos, mesmo Reginald, que prefere ser chamado de Reggie, era uma experiência quase temporal. Mesmo Reggie, porque, apesar de residirem ambos em Tetris, pouco se encontravam - tinham vidas muito diferentes. Após as Guerras Triônicas, onde Moisés auxiliou a guarda em diversas batalhas, eles não haviam se visto, nem para uma conversa informal.
Reggie, em termos de vida cotidiana, era a antítese de Moisés. Formalmente pouco regrado e dado a espalhafatos desnecessários, Moisés entendia que Reggie havia chegado em sua atual posição apenas por um grande motivo, sua enorme força de vontade. Sua história começara em uma vila sem nome, a leste da floresta conhecida por Blackwood. Por alguma desventura do destino, este se perdera e fora levado para uma escola de infantaria, onde, mais tarde, deveria tornar-se componente da Guarda de Tetris. Reggie não se adequava aos preceitos militares. Sua fanfarronice exacerbada se desenvolvera bastante naquele ambiente, e mudara um menino tímido para um guerreiro competente, porém indisciplinado. Dias na prisão e como sentinela o deixaram apenas mais furioso e inconseqüente e, na primeira oportunidade, fugiu do aquartelamento. Tetris era seu objetivo e dinheiro tua futura recompensa. Chegando a cidade, depois de escapar de pretensos algozes militares, vagou por um tempo, até chegar ao estádio dos Manticores, time de rúgbi da cidade. Entrou, gostou do que viu, solicitou um teste e foi aprovado. Mesmo no quartel, ficara conhecido pela perda de calma e encontrões desnecessários. Isso se adequava perfeitamente a aquele jogo selvagem e violento e assim Reggie se tornara o melhor jogador da equipe em pouco tempo. Lá conheceu Yirn Blackstone e ambos se tornaram grandes amigos. Aliás, Moisés nunca entendeu direito tal relação. Eram muito diferentes. Yirn era gentil e ouvinte, enquanto Reggie era verbalmente espalhafatoso e pouco cordial. Mas, como opostos, as personalidades deviam se completar de alguma forma. A amizade era tamanha que, após as Guerras Triônicas, Reggie, após reorganizar a milícia tetriense, partiu numa busca solitária por seu amigo, sumido a algum tempo, sem sucesso aparente. Retornando logo após, como chefe da guarda que abandonara anos antes, grande ironia.
O tempo fora generoso com Reggie. Provavelmente pelo motivo previamente mencionado, este se mantinha em forma. Há algum tempo deixara de ser capitão da guarda, para se dedicar ao treinamento da equipe de rúgbi, agora conhecida por Kobolds From Hell, nome pouco promissor, pelo qual Reggie chamava nosso antigo grupo. Mesmo no auge de seus 54 anos de idade, treinava com a equipe, ainda com belas jogadas e violência exagerada. Seus cabelos ainda curtos não mudaram, pois desde jovem estes possuíam uma estranha coloração acinzentada. A barba era o diferencial, afinal, anteriormente sempre se mantivera barbeado. Talvez uma cicatriz conseguida na guerra, quando enfrentou Balthus Bone num confronto homem a homem, tenha feito com que mudasse seu visual. Usava uma armadura de placas semi completa, pois dizia que atrapalhava seus movimentos. Uma loriga de couro completava sua vestimenta de batalha. Nada o identificava como Capitão de Honra da Guarda de Tetris e, como símbolo, usava apenas uma faixa presa ao braço com as iniciais KFH. Uma capa escondia o que para muitos poderia ser algo repulsivo ou, no mínimo, estranho. Uma pequena corcunda negra, que não sabíamos exatamente do que se tratava, mas que Reggie dizia ser uma criatura viva que se comunicava com ele e que possuía um enorme par de asas quirópteras, com quase 4 metros de envergadura que se atrofiavam e quase se escamoteavam em seu pequeno corpo. Ele o chamava de pterodraco e, aparentemente, ambos se adequaram ao convívio. Isso o tornava o único humano, pelo menos único conhecido de Moisés, que podia voar sem ajuda de magia. Quando as asas se abriam, Reggie parecia um híbrido, homem-dragão. Manejava armas brancas como ninguém, sendo superado, talvez, apenas por Baltek Skylander. Seu velho machado de batalha e escudo médio completavam a indumentária.
Apesar de pequenas desavenças, Reggie era o guerreiro que Moisés gostaria que estivesse ao seu lado numa peleja. Nunca fugia de uma boa briga e quando era necessário, defendia amigos com unhas e dentes, mas sempre sem perder a chance de uma piada, geralmente de mal gosto.

26 janeiro, 2009

A Busca - 3ª parte

Enquanto ouvia o pretenso guia de sua jornada, Moisés perdeu-se em seus pensamentos, lembrando do que todos passaram para chegar até aquele momento e de como um grupo tão seleto, composto de seres com personalidades tão diferenciadas, pode caminhar unido e coeso, até sua dissolução natural, não por cansaço, mas por conseqüência de seus atos. Suas pretensões nunca ultrapassaram os limites de seu pequeno templo, em sua terra natal. Participar de incursões fantásticas, como acontecera, era algo tão distante quanto o afastamento do sacerdócio e alcançar o patamar ao qual está também. Ele imaginava um futuro mundano, até perceber a oportunidade de levar a palavra de Selimon mundo afora. Apesar das diferentes crenças presentes entre seus amigos, o respeito mútuo sempre fez parte da união. Esse respeito ensinou-lhe que, independente da religião, os seres continuam sendo seres e Selimon protege a todos. Talvez essa tenha sido sua maior escola, transformando-o no sacerdote-mor de sua ordem e fazendo com que Selimon o presenteasse com suas maiores dádivas, o dom da cura e seu símbolo sagrado, Veriante. Não uma arma, mas um objeto que seria usado tanto para defender seu templo, quanto para construir moradias ou libertar inocentes.
Pensou em sua idade e em si mesmo, refletindo. Moisés, no início da jornada do grupo, era o mais experiente, já tendo 28 anos de idade e 15 de celibato. Agora, com 62 anos, ainda mantinha-se em forma e aparentava ser mais jovem, apesar da longa barba branca. Os cabelos, ainda curtos, como de costume, permaneciam completamente castanhos. Seus olhos, quase negros, carregavam o peso dos anos, não pelas rugas, mas pelo olhar. Seu semblante era sempre sereno, transmitindo tranqüilidade a quem tivesse contato com ele. Dizia-se que Selimon protegia os seus com vida longeva e Moisés parecia ser a prova de tal afirmação.
Sua armadura metálica, adornada por símbolos sagrados de sua religião, o deixava mais imponente frente a outros humanos. O elmo em especial possuía o principal símbolo de Selimon em sua fronte, a forquilha. Três extremos unidos no centro. Os três cantos do mundo unidos num só pensamento de bondade. Um manto sacerdotal branco cobria-lhe praticamente todo o corpo tendo a forquilha bordada cuidadosamente em toda sua extensão. A religião selimônica era universal e por onde passava, adeptos o reconheciam e reverenciavam. Veriante o acompanhava onde quer que fosse e, como dito anteriormente, nos últimos anos era usada apenas como objeto sagrado, mas naquela jornada deveria ser usada em sua defesa.
Em diversas ocasiões, Moisés acreditou ter passado dos limites, com relação à violência. Seus preceitos religiosos e íntimos o levavam a evitar confrontos de qualquer espécie, porém Moisés sempre fora honrado e valoroso como amigo e em defesa dos fracos. A religião selimônica prega a paz e o amor entre os seres, mas também prega que aqueles que não os querem não podem praticar o mal. Caso o façam, a ordem tem entre seus sacerdotes, mestres nas artes da guerra, ainda que essa palavra seja abnegada pelos seus sacerdotes. Sendo Moisés líder dessa ordem de Guerreiros da Luz, como se auto proclamam, em diversas ocasiões ele defendeu os mais necessitados, seus amigos e sua terra.
Algumas características inerentes de seres pensantes ainda o acompanhavam. Não pensava muito no progresso. Tecnologia, uma palavra recém inventada, o deixava desconcertado, principalmente porque os avanços, na maioria das vezes, se davam no decorrer de algum conflito, sendo essa a desculpa, na sua opinião, para o desenvolvimento da civilização. Procurava manter-se sempre afastado. Um exemplo era o uso do fogo. Por diversas vezes presenciara seu amigo Simon criar labaredas do nada, que saíam de suas mãos e acendiam fogueiras ou afastavam inimigos, mas, misturar pós encontrados na natureza e fazer fogo? A natureza era a coisa mais espetacular criada por Selimon. Usá-la para tal fim era amedrontador...
Sua rusga a respeito do mal uso de magia não sacerdotal também se mantinha. Ele acreditava que tal dádiva deveria ser usada com responsabilidade e parcimônia. A total ira contra mortos vivos e outras criaturas relacionadas ao reino dos não viventes era sua maior fraqueza. Ódio era um sentimento que ele suprimia, porém esse aspecto de sua personalidade o acompanhou desde a mais tenra infância. Talvez pelo fato de sua terra natal ter sido vítima de uma praga zumbi, aproximando-o de sua atual religião, ou pela constatação posterior que o que estava morto deveria ficar morto, pois, caso houvesse reanimação, este ser se tornaria mal e, como tal, avesso a seu deus. Ele não sabia ao certo, apenas odiava tais seres e todas as coisas relacionadas a eles. Apenas um foi tolerado e outrora esta pessoa foi conhecida pelo nome de Yirn Blackstone. Um antigo amigo. Fiel, generoso e honrado aos olhos de Moisés. Uma criatura inocente, levada aos campos da violência por preconceitos referentes a sua raça. O único que escutava seus sermões com atenção, mesmo parecendo entender pouco o que Moisés dizia. Ele sempre se recorda do acontecido... Numa incursão na dimensão chamada Plano Mental, Yirn fora tragado por garras malignas provenientes de um fosso negro. Ao voltarem ao plano terreno, seu corpo havia sumido e o grupo não mediu esforços até encontrar o amigo nas mãos de um necromante chamado Vrillian Groz. Este fazia um feitiço que suprimia a mente e a alma de Blackstone, inserindo uma alma demoníaca em seu lugar. Ele e seus companheiros conseguiram conter o mago, mas não a ponto de salvar seu amigo. Seqüelas da tentativa de possessão o acompanharam, transformando-o numa espécie de ghoul, um morto vivo consciente. Esse fato os afastou... Ao ponto do amigo abandonar o grupo. Nesse ínterim, Moisés refletiu muito sobre o assunto, orando para que Selimon o ajudasse a ser mais compreensivo. Tempos depois, Yirn Blackstone se reencontrou com o grupo, portando-se de forma mais adequada a seu estigma e fora bem recebido. Mais um aprendizado para Moisés. Sentia saudades de seu amigo. Reencontrá-lo e tentar salvá-lo era sua prioridade.

17 julho, 2008

Kobolds From Hell

Tão aí os links da saga dos Kobolds From Hell, caçados incansavelmente nos arquivos desse blog:

A História dos Kobolds From Hell - Parte 1
A História dos Kobolds From Hell - Parte 2

A busca - 1ª parte
A busca - 2ª parte

A história de Yirn Blackstone - 1ª parte

Só pra poder dizer que contribuí com a história, rsrs

16 julho, 2008

A História dos Kobolds from Hell - parte 4

De manhã, logo cedo, os cinco escolhidos se encontraram na praça central da cidade, como fôra combinado, cada um portando o que achava necessário. A praça de Tetris era famosa por suas feiras livres, onde podia-se encontrar praticamente de tudo. Comerciantes montavam suas barracas e iniciavam seus afazeres. Após os cumprimentos iniciaram a caminhada em direção aos portões quando Reggie interpela:
- Só um minuto... Simon, tu não disse que faltava um?
- Sim, caro Reginald. Não entendo porque ainda não o encontrei. Creio que a jornada deva ser iniciada e encontraremos o sexto escolhido no caminho.
- Mas se falta um, será que nós não vai perder a missão? – pergunta Yirn.
- Blackstone, não sei como respoder a tal questionamento... – Simon
- Mas Yirn só fez pergunta...
Num gesto demonstrando impaciência, Simon leva a mão ao rosto e diz:
- Tudo bem, Yirn. Falemos disso depois...
Enquanto caminhavam pela feira recém aberta, as pessoas continuavam a cumprimentar os dois jogadores de rugbi:
- Yirn também gosta de vocês, mas Yirn precisa ir salvar o dado de deus.
- Calaboca Yirn... Wyrms me mordam, o povo não precisa saber que nós estamos indo embora.
- Mas Reggie...
Nesse momento, enquanto semi-cercados por uma pequena multidão, Moisés nota um movimento estranho atrás de Blackstone:
- Yirn, cuidado!!! Estão tentando roubá-lo.
Virando-se para onde estava sua bolsa de moedas, Blackstone consegue ver quando um pequeno ser encapuzado tentando se desvencilhar das pessoas fugindo com seu numerário:
- LADRÃO!!! Ladrão rouba Yirn!!!
Correndo desajeitadamente e em desespero o diminuto ser não nota quando uma figura gigantesca se põe em seu caminho, fazendo com que ele caia como se batesse numa parede de pedras, deixando cair a bolsa de Blackstone. Baltek abaixa-se e pega o ladino pelo pescoço, levantando-o até a altura de seus olhos:
- Tentando roubar um companheiro meu? A muito espero pegar um de sua laia...
Enquanto falava, Baltek sacava sua espada montante. Yirn segurou-o pelo braço tentando controlá-lo:
- Baltek, aqui não... Ter criancinhas...
- Deixe-me, idiota. Chegou a vez desse sujeitinho.
Alucinadamente, tentando se desvencilhar ao mesmo tempo que perdia suas forças, o capuz saiu de sua cabeça, revelando a face de um goblin adolescente:
- Não Baltek, Yirn não vai deixar... Olha, é só um minino. Vocâ já tá quase matando ele enforcado. Larga!
Quase perdendo a consciência, o pequeno goblin concorda com Yirn, enquanto esse fala. Aproximando-se da confusão, Simon sente uma pequena vibração dentro de sua bolsa. A gema que foi-lhe dada por Ingram brilhava mais intensamente:
- Solte-o Baltek. – ordenou Simon
- Quem tu pensa que é pra me dar ordens?
- Aparentemente o rapaz também vai tomar parte de nossa jornada.
- Grrr... – e Baltek o solta.
O rapaz despenca, caindo quase desfalecido entre os já reunidos heróis. Começa a tossir, tentando recuperar o fôlego. Simon pergunta:
- Pois bem, infante. Viu-se que sua tentativa vã de assaltar Yirn Blackstone foi leviana. Como te nomeiam por estas paragens?
- Coff coff... Meu nome é Shark. Shark Malone. O-o que vão fazer comigo?
- Caso dependesses apenas de Baltek já serias um punhado de carne sem vida. Porém forças me dizem que tu deves fazer parte de nossa jornada. O que me dizes?
- Eu? Andar com vocês?
- Bem, não temos muito tempo e meu amigo Baltek parece precisar de diversão. Eu poderia deixá-lo contigo por alguns minutos e...
- QUE?!?! Yirn não deixa...
- CALABOCA Blackstone! – grita Reggie – Deixa o elfo terminar, gostei do estilo.
Yirn se cala:
- T-tá bom, eu vou... Mas prometa que manterá esse grandão longe de mim. – Shark concorda.
- Muito bem, podemos prosseguir, creio que já está com todos os teus pertences.
- Sim senhor, tudo aqui.
E, novamente, partem para a saída sul. Enquanto caminham, Simon decide deixar sua montaria na cidade, onde será bem tratada e recuperada quando de sua volta. Próximo aos portões, Yirn pára de repente fazendo todos pararem. Ele se volta para Reggie e em tom de impaciência diz:
- Antes de continuar Yirn quer falar uma coisa. Se mandar Yirn calar a boca mais uma vez Yirn te bate como bateu em orc na taverna depois do jogo com o Quimera! Lembra disso, Yirn quase perdeu paciência hoje! – e se vira, como criança aborrecida, novamente caminhando para a saída da cidade.
Os outros olham para Reggie como em tom de desaprovação:
- Que foi? Estão olhando o que? A gente é amigo e eu respeito isso...
E tornam a caminhar. Butcher relembra o acontecido entre Yirn e o orc. Orcs são criaturas detestáveis, geralmente componentes de tribos nômades, que vagam pelas terra, trazendo guerra e desolação. Blackstone o contou sobre o acontecido em sua vila, pouco antes dele iniciar sua jornada para longe dela, e como odiava esses seres por serem os responsáveis. Uma vez, após um jogo contra os Quimera de Raventhaar, o time bebia, como sempre, numa taverna da cidade quando três figuras estranhas adentraram o recinto, encapuzados. Chegaram ao balcão e diziam ser comerciantes em busca de comida e bebida. Yirn, ele e os outros bebiam, brincavam e dançavam com algumas dançarinas do local. Numa das danças, um pouco mais afoito, Yirn esbarrou em um dos sujeitos, fazendo cair seu capuz, revelando sua face orc. Já embriagado o ogro virou-se para se desculpar, ficando face a face com a criatura. Reggie nunca havia visto o ódio tomar conta de alguém de forma tão rápida. O orc, assustado, nem teve tempo de reagir, com suas mãos Blackstone agarrou-lhe pelo pescoço e começou a estrangulá-lo. Os outros dois bateram em retirada aterrorizados, enquanto o restante do time tentava fazer com que Yirn soltasse o pobre ser. O ódio era evidente nas feições de Blackstone e foram necessários 8 jogadores de rugbi para fazê-lo soltar o orc, não antes de se ouvir um forte estalo, vindo da coluna vertebral do infeliz. Quando solto, a criatura caiu desmaiada e a última coisa que Reggie ouviu falar dele foi que não se mexia mais...
Reggie sabia que irritara bastante seu amigo.
Acelerando um pouco o passo, se aproximou de Yirn, enquanto esse acendia um cigarro de fumo:
- Ei, Blackstone... Peço desculpas, às vezes me perco. Sabes que sou teu amigo...
Após uma baforada:
- Yirn sabe e sente muito. Nunca fazer com Reggie o que fazer naquele dia com orc. Yirn sentir vergonha...
- Não se envergonhe, caro amigo. Sei o que perdeu por causa daquelas criaturas e se depender de mim nunca mais vai acontecer.
- Yirn sente saudade de vila... E de mamãe de Yirn...
E com um tapa no ombro, continuaram a caminhar em direção a seus destinos...

Ps.: Caros leitores, o início dessa história é datada de mutio tempo atrás. Caso queiram posso colocar os links aqui. Não sou tão perspicaz quanto Hylenne nesse quesito...

A História dos Kobolds from Hell - parte 3 (finalmente)

Os preparativos para a jornada foram feitos às pressas. Provisões, armas, básicos de sobrevivência, enfim, tudo necessário para o cumprimento da missão. Enquanto se preparavam, muitos pensamentos permeavam a mente dos pretensos heróis.
“Será esse realmente o grupo de seres que preciso para cumprir meu dever, Palier? Mais desconjuntado impossível. Além do sacerdote Moisés, apesar de adorar outra divindade, não vejo honra em nenhum deles. Saber o que o futuro nos reserva é incerto. Mas sinto que faço o que é correto. Devo tomar cuidado com Reginald e os dois brutamontes, apesar de Yirn ter me parecido um bom sujeito. Estúpido, mas bom...Rogo a ti para me fortalecer e auxiliar.” – Simon Van Helmont, enquanto do preparo de suas gemas e provisões.
“Selimom, deus de tudo o que é bom, estarei fazendo o que é correto? Jurei em teu nome nunca praticar violência desnecessária e proteger todos os seres inocentes. Seriam estas pessoas seres inocentes? Não sei o que pensar... Oro para que sejas meu vigilante nessa missão e que possamos ser felizes no cumprimento do dever. Que tua bondade assole a humanidade e proteja o templo enquanto eu estiver fora. Saio do jejum para que possa ter forças e ser digno de teu zelo.” – Moisés fazendo uma avantajada refeição, após dias.
“É uma grande oportunidade de sair de perto desses pusilânimes... Hahaha, pusilânime é uma boa palavra, vou usar mais vezes... Aqueles burocratas idiotas sabem falar, isso é verdade. Preciso sair dessa cidade e essa missão é uma ótima oportunidade. Posso fazer fortuna como aventureiro e vai que dá certo.” – Reggie Butcher, afiando seu machado de guerra, herança de seu pai.
“Telak, me ajuda nessa guerra. Agora entendi porque tava sonhando feito menina. Vamo achar esse cubo e matar todo mundo que ficar no caminho. Só quero ver se os imbecis vão ficar no meu caminho. Faço picadinho deles também, se for necessário. Amém” – Baltek, em sua oração por seu deus.
“Yirn não saber o que fazer... As coisa tá ficando diferente. Yirn finalmente achar lugar e ser aceito, sente saudade da vila. Mamãe deve estar preocupada. Um dia Yirn volta pra mamãe e dar abraço forte... Que dizer, meio forte, pra não machucar mamãe. Enquanto isso Reggie ajuda Yirn a ficar direitinho e ajudar pessoas inteligente a cumprir missão de achar dado mágico. Yirn acha mais fácil pegar dado com que amigos de Yirn joga jogo que Yirn perde dinheiro, mas não deve servir. Mago de orelha pontuda dizer que dado ser feitos por deuses e os dados dos amigos de Yirn não ser feito por deuses... Pelo menos Yirn achar isso...” – Yirn Blackstone tentando se lembrar onde havia guardado o par de picaretas de mineiro que usava como armas.
E a noite foi-se tornando dia aos poucos, como sempre acontecia...

02 outubro, 2007

A História dos Kobolds from Hell - parte 2

Após o pagamento da conta de Baltek, os quatro recém conhecidos procuram pela missão de cura dessa cidade. As missões são formadas por sacerdotes que possuem o poder sagrado de curar ferimentos e enfermidades. Yirn e Reggie conheciam bem a cidade e já haviam sido medicados nessa missão. Enquanto caminhavam, Simon e Baltek debatiam sobre as importâncias de seus respectivos deuses na vida cotidiana de cada um, tentando se convencer mutuamente a mudar de religião; Blackstone prestava atenção em cada palavra, mesmo sem entender a maior parte delas e Reggie, com uma impaciência peculiar, tentava mudar o assunto, sem muito sucesso.

Cruzar as ruas de Tetris fazia com que as pessoas cumprimentassem Blackstone e Butcher, pois rúgbi era um esporte muito admirado na cidade.
Yirn deixava-se abraçar pelas mulheres e apertava a mão dos homens, dando maior atenção para as crianças. Apesar de extremamente alto, quase dois metros e meio, para a média humana e forte beirando a truculência, ele possuía feições mestiças, com sobrancelhas grossas e olhos finos e verdes, contrastando com sua pele cor de bronze. Uma tira de tecido prendia seus longos cabelos negros, como um tufo sobre a cabeça pois apesar de ter cabelos compridos a calvície já o atingira, desde infante.

Reggie retribuía a atenção do público com cumprimentos e galanteios. Humano de nascimento e criação, não era dos mais altos, porém sua tremenda robustez e agilidade o transformaram no melhor jogador de rúgbi da temporada. Caucasiano de olhos castanhos, suas feições se destacavam pelos cabelos curtos branco-cinzentos. Seu maior defeito poderia ser dito pela sua impaciência, aliás, a maior reclamação do técnico da equipe.

Baltek, ainda em sua discussão com Simon, aparentava mais longevidade que Yirn. Também era ogro e, por isso, suas proporções corporais eram descomunais. Seus longos cabelos negros, feições caucasianas e pele mais clara o deixavam quase humano, embora seus dois metros e trinta não o deixavam negar sua natureza. Trazia sempre no pescoço o amuleto de Telak, deus allansiano da coragem e do valor na batalha, do qual era devoto. Sua personalidade mau-humorada e violenta fazia com que ficasse mais próximos de seus outros companheiros de raça que de Blackstone.

Como qualquer outro elfo, era impossível determinar a idade de Simon. Com um rosto austero, aparentava, caso fosse humano, ter algo perto dos trinta anos, mas como a longevidade é uma característica élfica, poderia ter até cem anos. Longos cabelos negros caíam-lhe sobre os ombros, mostrando parte de suas orelhas pontudas, outra característica da raça. Para os padrões humanos ele era muito bonito e, se não se mostrasse sempre sério, poderia parecer andrógino. Dos quatro era o mais baixo e carregava sempre consigo seu bastão. Ingram, um poderoso mago de Elfren, lar dos elfos, fora seu professor, sendo Van Helmont um aluno dedicado e paciente.

Após alguns minutos de caminhada e muitos cumprimentos por parte dos moradores, eles conseguiram avistar a missão de cura. Na verdade, a tal missão era um templo, construído em adoração ao deus Selimon, senhor da paz e do amor. Seus sacerdotes, homens valentes de coração puro, são conhecidos por todo o mundo como detentores da cura sagrada, pelos que nela crêem. Assim que se aproximaram, puderam ouvir o som de uma vassoura sendo passada pelo assoalho do templo, que sempre encontrava-se aberto à população:

- Olá! – gritou Reggie, a fim de chamar a atenção do sacerdote que limpava o chão.

Vendo aquele grupo bem diferente em fronte à porta do templo, o sacerdote aproximou-se e com a educação comum aos adeptos de Selimom e disse:

- Boa noite, caros senhores – curvou-se – eu sou Moisés, sacerdote de Selimon, deus da paz e do amor. Em que posso ajudá-los?

Depois das apresentações, Moisés pôde ver o ferimento de Baltek e com alguns gestos sagrados de seu deus, curou-o e lhes ofereceu vinho fabricado por eles próprios. Enquanto conversavam sobre a briga ocorrida no bar, Simon afastou-se um pouco e retirou de sua bolsa uma gema. Fechou os olhos e se concentrou. Essa gema foi-lhe dada por Ingram pouco antes deste partir de Elfren em auto-exílio. De acordo com seu antigo mestre, ela o auxiliaria em sua busca pelo objeto que salvaria o mundo da catástrofe prevista pelos anciões elfos. Simon não sabia ao certo como ela o ajudaria, mas sua confiança em Ingram estava além do questionamento e, como último conselho, o mestre disse que esta gema mostraria seus companheiros de jornada.

Enquanto isso, todos já haviam se voltado para ele e, como não entendiam o que Simon fazia de olhos fechados e com a gema nas mãos, começaram a especular:

- Qui ele tá fazendo? – perguntou Yirn.

- Provavelmente é feitiçaria... Não gosto de feiticeiros... – Baltek, resmungando.

- Se fosse algo maléfico, Selimon já teria me avisado. – o bondoso Moisés.

- Essa gema deve valer muitas moedas. – Reggie.

Neste momento, Simon sai de seu suposto transe:

- Acalmem-se, meus caros. Não é nenhum tipo de feitiçaria do mal ou algo parecido. Esta gema foi-me dada pelo meu mestre, Ingram, Supremor de Elfren. Os anciões de meu antigo refúgio previram que um grande mal assolará o mundo. Somente um grupo seleto de pessoas poderá impedir que isso aconteça e eu fui incumbido de encontrar essas pessoas. Com esta jóia eu posso saber quem são. Não sei qual é o critério para isso, sei apenas que não demoraria muito para encontrar-lhes. E, pelas informações que acabei de receber, falta apenas um...

- Espere um pouco... “Falta apenas um”? Que história é essa? Quem são os outros?

- São vocês. Como havia dito, não sei qual é o critério, apenas sei quem são e... os senhores são os escolhidos.

- Mas eu já tenho time e não quero...

- Fecha a bocarra, Yirn! Ninguém me perguntou se eu queria salvar o mundo?

- Nem pra mim e Baltek não faz nada de graça....

- Por favor, meus caros. Vamos escutar o senhor Simon!

- Muito obrigado, Moisés. Sei que o que lhes digo parece absurdo, mas têm que acreditar. O tempo é escasso e o perigo iminente. Sei que sois valorosos guerreiros, apesar de crerdes em outras divindades. O grande objetivo desta missão é encontrar um artefato muito antigo, mais antigo que o ancião elfo mais velho. Diz a lenda que seu nome é Atr’igarsh e que foi confeccionado por um panteão de deuses para que pudesse reger o mundo. Fazem parte dele O Bem e O Mal em suas diversas formas. Ninguém sabe muito a respeito, apenas que tem o formato cúbico e é mais conhecido pela nomenclatura de Cubo Deviano.

Moisés, neste momento, parece sofrer de um mal repentino e cai sobre uma cadeira. Pálido e com a pele fria ele tenta se recompor com a ajuda de Reggie e Yirn:

- O que aconteceu, Moisés? Bebeu muito?

- Não, Reginald... Apenas uma súbita diminuição de pressão sanguínea. Essas coisas ditas por Simon... Eu estava tendo alguns sonhos estranhos, achei que fossem tentativas de Selimom de me dizer que eu pecava demais, então iniciei um jejum auto-preservativo até que essas visões fossem embora... Porém, elas pioraram e ficavam cada vez mais aparentes... Sofrimento e destruição, pessoas escravizadas, florestas em chamas e uma voz dizendo que eu poderia ter feito algo... Simon, você é um enviado de Selimom...

- Sou um enviado de Palier!

- Sim, sois um enviado dos deuses do bem. Eu creio no que dizes e te acompanharei em sua jornada.

- Yirn acha que deve ir também... Mas não sabe porque...

- Hmmm... Não tenho nada melhor pra fazer e Telak fala com Baltek em sonhos. Baltek ajuda, pela honra de Telak?

Um silêncio estranho toma o templo de Selimom. Como se algo faltasse. Uma sombrancelha élfica é levantada e seis olhos se dirigem para Reggie:

- Que foi? Por que vocês estão me olhando assim?

- Falta tu, infante... – responde Simon.

- Eu o que? Me juntar a um bando de desconhecidos (menos você Yirn, antes que diga algo estúpido) pra procurar um dado qualquer feito por uns Deuses metidos à besta que queriam dominar o mundo? Quando partiremos?

- Partiremos ao amanhecer! – disse Baltek, mal sabendo que essa frase seria proferida por vários anos.

09 agosto, 2007

A História dos Kobolds from Hell - parte 1

Tendo vencido as planícies de Gamrika e chegando ao sopé da montanha Morgul, Simon Van Helmont parara com sua montaria para um descanso. A viagem havia sido longa, as provisões estavam no fim e ele se sentia feliz por estar próximo a Tetris, seu objetivo. Um mago não é feito para este tipo de viagem, mas sua missão era muito importante para pensar nisso. Tetris era uma das grandes cidades existentes e seria simples conseguir um grupo de pessoas honradas e valorosas para cumprir tal objetivo. Sassafrás bebia água de um córrego enquanto seu dono observava a estrada. Poucas caravanas seguiam para aqueles lados, pois, apesar de mais curto, o caminho era perigoso pelo fato de Morgul ser íngreme. Apenas grupos pequenos ou andarilhos solitários se aventuravam por ali. Visto que Sassafrás já saciara sua sede, era hora de continuar.
Após uma hora de cavalgada lenta, Simon avistava as muralhas de Tetris. A fortificação era enorme devido aos constantes ataques Orcs em anos passados. Sentinelas mantinham sempre vigília em guaritas altas e armadas com pequenas balistas. Tendo se aproximado o bastante para chamar a atenção de uma sentinela, Simon desmontou e aguardou o aviso:
- Quem se aproxima?
- Simon Van Helmont, devoto de Palier. Vindo de Elfren, lar élfico ao norte.
A rotina dos sentinelas diziam que todos tinham que se apresentar ao chegar aos portões, enquanto a área ao redor era checada por outros guardas. Após alguns instantes, as maciças portas de madeira e ferro se moviam, permitindo sua passagem. A cidade era fascinante, a mistura de povos e raças era sem igual. Todos viviam relativamente em paz, afinal, como toda cidade grande, existem ricos e pobres, o que ocasiona pontos de revolta em parte da população. Simon já havia estado lá antes, travando comércio com artesãos humanos. Sentia-se cansado e tinha de arrumar um estábulo para Sassafrás. Buscando pela informação, foi levado a um próximo do estádio municipal. O esporte mais praticado da região era o Rúgbi e o dono do estábulo o informou que as finais seriam nesta noite.
Sem ter o que fazer naquela noite, era uma boa opção. Não sabia muito do esporte, mas como este agrada boa parte da população, resolveu assistir o jogo, após se hospedar numa estalagem próxima.
A noite chegou e as pessoas se aglomeravam em frente ao estádio, esperando encontrar um bom lugar. Simon esperou até que a entrada ficasse mais desocupada e adentrou o lugar. Era espantoso como os humanos usavam o cérebro para tal fim – pensou. Milhares de criaturas se amontoavam para assistir a um bando de outras criaturas correr atrás de uma bola. Assim eram os seres humanos, a pureza de coração e o ódio mortal eram suas principais características. Fascinantes e dignos de medo, sua contradição os fazia sobreviver neste mundo cruel. Diferente dos anões, insuportáveis habitantes das cavernas, grandes armeiros, mas odiosas personalidades. Deixando de divagar, Simon sentou-se onde poderia avistar todo o campo e esperou pelo início. Os Kraken Megalonianos tentavam uma vitória sobre a quase imbatível equipe dos Manticores Tetrienses. Rixa antiga que os atuais jogadores mantinham com tanta avidez quanto antes. Duas cidades que disputam tanto econômica quanto politicamente o controle do Estado, sendo que isso se transferia para os jogos de rúgbi.
Os Kraken vinham com um bom time, estável e vencedor. Seus jogadores eram brutamontes com uma média de dois metros de altura e força descomunal. Porém, os Manticores tinham um trunfo, como havia dito o estalajadeiro, um poderoso Ogro, uma criatura forte como um elefante anquiliano e com peso proporcional. Como os tetrienses conseguiram convencer um ogro a participar de tal atividade em grupo, ninguém sabia, pois comumente os ogros viviam em tribos e os que viviam nas cidades eram mercenários e pouco amigáveis.
Neste instante os times invadem o campo, cada qual com seu estandarte. Quando o jogador ogro de Tetris invadiu o gramado, Simon sabia que este seria um dos escolhidos. Realmente era uma criatura enorme, facilmente avistável no jogo. Monstruoso, corpulento e sorrindo? Isso sim era uma novidade. Era um dos mais sorridentes ao entrar em campo e a multidão correspondia a essa simpatia. Aclamado pela torcida, todos gritavam o que deveria ser seu nome: Blackstone.
Após o anúncio das equipes o jogo teve início. A violência imperava e os megalonianos sentiam a diferença do jogador de outra raça. Cinco ou seis jogadores eram necessários para segurar o monstro que nunca desistia. Suas comemorações eram dirigidas sempre ao mesmo jogador, com qual parecia ter certa afinidade. Jogadas ensaiadas, arremessos precisos e recepções perfeitas eram comuns entre os dois. Simon observava com atenção, pois deveria contactá-los logo após o jogo. A torcida berrava quando os Manticores venciam o campo e invadiam, se aproximando cada vez mais do gol adversário.
O fim estava próximo e os tetrienses venciam por 10 pontos de diferença. Os Kraken estavam nervosos e cometiam faltas seqüenciais. Quando, com extrema violência, um megaloniano acerta um chute, não permitido nesse jogo, num manticore, pouco abaixo do peito, na direção do estômago. O público veio abaixo e as vaias começaram. O jogador se contorcia de dor quando, como que em defesa de seu companheiro de equipe, um jogador se lançou sobre o faltoso, derrubando-o e distribuindo socos no seu rosto. Era o início da confusão. Os reservas invadiram o gramado e, para surpresa de Simon, o ogro estava apartando a luta. Enquanto todos tentavam se acertar, Blackstone empurrava companheiros e adversários, tentando separá-los. Quinze minutos e muitas expulsões depois a partida pôde ser reiniciada e correu bem até o final com a vitória de Tetris.
Simon se procurou se informar onde os atletas comemoravam a vitória e tomou a direção de tal lugar a fim de aguardá-los. Os jogadores eram carregados e ovacionados pelo povo sendo impossível falar com eles nesse momento.
O mago procurou uma mesa desocupada e saboreava um vinho da cidade quando a equipe chegou, próximo do anoitecer. Enquanto entravam eram brindados pelos clientes e litros de cerveja foram oferecidos. Começaram a se fartar das iguarias, contando os feitos e brindando a cada 15 minutos. Após um certo tempo e com a estalagem mais vazia um fato inesperado aconteceu, componentes do time megaloniano, revoltados com a derrota, invadiram o lugar e iniciaram uma discussão com o pequeno grupo de tetrienses que ainda se encontrava ali. A discussão tomou uma proporção tamanha que um caneco de cerveja foi arremessado acertando um sujeito corpulento, mal encarado e com longos cabelos negros que estava quieto e isolado num canto da taverna. Encharcado de bebida e com um filete de sangue escorrendo pela testa ele levantou-se e, sem dizer uma palavra, segurou a cabeça de seu algoz, um megaloniano, e violentamente, afundou seu crânio no balcão. Os ânimos que não estavam bons, pioraram, iniciando uma briga sem precedentes. Cadeiras voavam, pessoas eram jogadas pelo balcão, enquanto de relance Simon notou que os outros jogadores megalonianos entravam pela porta. Sem titubear, concentrou-se por uns segundos e uma barreira de chamas se ergueu em frente ao portal evitando a entrada de mais inimigos. Sacando de seu bastão, concentrou-se novamente e no outro segundo este se encantava, ficando mais eficaz num combate direto. Entrou na luta, usando de suas técnicas de combate milenares. Blackstone e seu amigo derrubavam oponentes com poderosos e eficazes golpes e o monstro de cabelos compridos parecia se deliciar com a batalha, a cada inimigo derrubado um urro de felicidade era pronunciado, nem o ferimento em sua cabeça o fazia parar. Tetrienses e megalonianos caíam enquanto os quatro se mantinham de pé. Minutos depois a milícia invadia o bar encontrando apenas os quatro e o taverneiro ainda conscientes:
- Blackstone! Butcher! O que aconteceu aqui??? – perguntou o guarda.
- Estávamos apenas bebendo e estes imbecis krakens procuraram briga. – respondeu Reggie Butcher.
- E quem são estes dois?
- Eu me chamo Simon Van Helmont, de Elfren e permiti-me a defesa própria, sendo que seria massacrado se tal não fosse feito.
- Eu sou Baltek... Tava bebendo e esses idiotas quebraram um copo na minha cabeça!
- Ele diz a verdade, guarda. – disse Yirn – Só se defendeu...
- Muito bem, vou levar esses megalonianos arruaceiros presos e providenciarei para que os outros sejam levados para a missão de cura.
Com tais palavras, vários guardas entraram e levaram os prisioneiros sob custódia, enquanto o estalajadeiro oferecia mais bebidas aos “sobreviventes”.
- Vamos beber até o dia raiar! – comemorou Reggie.
- Posso tomar a palavra com os senhores? Tenho uma proposta que, devido a sua importância para o futuro do mundo, interessará bastante.
- Ele disse que quer tomar a palavra, Reggie? Mas aqui só tem cerveja e vinho.
- Calaboca, Yirn... Não preste muita atenção nessas coisas, ele não é muito inteligente. Diga-me, o que pode nos interessar tanto?
Enquanto isso, Blackstone aproximou-se do homem de cabelos negros, tentando iniciar uma conversa:
- Oi, queria te agradecer por nos ajudar.
- O que você quer?
- Tô tentado ser gentil...
- E quem te pediu isso?
- Tudo bem amigo... Você é grande como eu e acho que...
- É, eu sou um ogro também, mas não quero jogar rúgbi.
- Eu sabia. EI REGGIE, ele também é ogro.
- Legal, Yirn, vê se vocês se entendem! – respondeu Reggie.
- O que cê faz?
- Amigo, não conseguiu entender que não quero conversa?!
Com tal demonstração de inimizade, Blackstone recuou enquanto Simon se aproximou dos três:
- Vejo que tens um ferimento que continua a sangrar...
- Não tem problema, amanhã tá bom.
- Posso resolver agora, sou estudioso das artes místicas e tais conhecimentos me ensinaram a curar com certa destreza.
- Hmmm... Não gosto de feitiçarias... Nem de feiticeiros...
- Caro companheiro de peleja, não sou nenhum feiticeiro. Sou um mago, discípulo de Ingram e devoto de Palier, protetor das florestas e todo o ecossistema lá presente. Acha mesmo que vou te fazer mal?
Yirn, coçando a cabeça:
- Não entendi nada, só o final...
- Não é pra entender mesmo, Yirn... Se o “senhor sensível” não deseja se juntar na nossa empreitada em busca de riquezas e poder, que fique aqui nesse bar, bebendo até a morte.
- Olhe como fala, homenzinho!!!
- Calma, cavalheiros. Isso pode ser resolvido de uma maneira melhor. Tu te mostraste um valoroso guerreiro. Não gostaria de se juntar a nossa busca?
Bebendo o último gole da cerveja que ainda estava em sua caneca, Baltek pergunta:
- E o que eu ganho com isso?
- Além de salvar o mundo, serás recompensado após a missão.
- Tá... Estou sem emprego mesmo... Agora, desafasta com essa feitiçaria... Tem uma missão de cura na cidade, é lá que vão consertar esse ferimento. Telak não gosta de feitiço.
- E quem seria esse Senhor Telak?
- Telak é deus da guerra, senhor de Prumor, pra onde vão todos os guerreiros que morrem em batalha.
- Ei, ei! Será que podemos procurar o curandeiro logo, o braço do sujeito ainda está pingando sangue...
E assim teve início uma grande amizade.

Obs.: essa história se passa antes da história "A Busca"... Acontece que achei isso no meu micro e resolvi continuar. Qualquer dúvida me liga...

19 fevereiro, 2007

A Busca - 2ª parte

Ao adentrarem o recinto uma sensação de dejá vu tomou conta dos quatro. Muitos foram os momentos passados entre as paredes de uma taverna, bebendo, comendo e procurando trabalho. Os tempos eram outros e suas mentes mais limpas e dispostas a aventuras:

- O que me dizes deste cômodo, Simon? Parece-te familiar?

- Como todos os outros, Moisés.

O cheiro de cerveja e vinho invadiram seus sensores fazendo-os viajar ainda mais no tempo. O garçom do lugar apressou-se para conseguir uma boa mesa e em menos de meio ciclo os heróis estavam sentados:

- Sua melhor cerveja, para mim e meu amigo humano. E vinho para nossos feiticeiros!!! – bradou Baltek.

- Baltek, por favor, já te disse que não sou feiticeiro, sou sacerdote. – reclamou Moisés.

- Claro, Moisés. Mas essa é ainda a melhor forma de te irritar. Garçom, por favor, estais aqui ante a presença de Moisés, o maior sacerdote de Selimon, Reggie Butcher, o açougueiro, matador de Balthus Bone, do imperador Baltek, senhor de toda Telakia e Simon Van Helmont, o... hã... elfo mais élfico do planeta e precisamos de informação. Quem seria mais adequado para tal? – apresentou-se Reggie, com eloqüência.

- C-creio que Lemar, o guia, poderia ajudá-los... – respondeu o garçom.

- E onde se encontra esse ser de sobrenome tão criativo?

- É aquele no balcão, senhor.

- Então traga-o, junto com as bebidas!!!

O garçom apressou-se para cumprir sua busca e logo as bebidas e o guia chegavam à mesa. Lemar era um humano jovem, esguio e bem trajado. O couro de suas vestes era algo incomum em muitas paragens podendo ser classificado como quase nobre. Uma afiada adaga fazia parte de sua indumentária, demonstrando que este não era tão frágil quanto parecia. Simon iniciou a conversa:

- Sente-se conosco, caro infante. Já deves nos conhecer, talvez não pelas aparências mas pelas apresentações feitas por meu quase ex-amigo...

- Ex-amigo? És um ingrato... Aposto que nunca fostes chamado antes de elfo élfico? – defendeu-se Reggie.

- Bem, sem mais delongas, precisamos de informações sobre Brigurn. Sabemos que a floresta foi alvo de algumas histórias estranhas a algum tempo e essas histórias tornaram-se lendas em muitos lugares... – continuou Simon.

- Sim, e estas histórias fantasiosas só fizeram... – interrompeu Lemar.

Um soco na mesa interrompe o rapaz:

- Não deves nunca interromper quando um homem fala! – ordenou Baltek.

- Calma Baltek, o rapaz não o fez por mal. Apenas complementou a conversa do nosso “elfo élfico”... Além do mais, tu bem sabes que este quando começa a divagar... – novamente Reggie, em tom avacalhado.

- Tens sorte, moleque. Telak mostrou clemência desta vez, ante ao pedido de meu camarada.

- D-desculpe senhor, não foi minha intenção.

- Podes continuar, rapaz. – pediu Simon, entre dois goles de vinho.

- Como dizia anteriormente, essas lendas transformaram nossa próspera região no que os senhores podem ver atualmente. Terras antes usadas para descanso se tornaram esse lugar ermo e esquecido pelos deuses. A Dragão Brigurn foi a única que estalagem que sobreviveu. As pessoas se mudaram e o comércio entrou em colapso. Meu pai, que também foi guia, contou-me as histórias. A respeito da besta-fera que atacava as caravanas e devorava os incautos e, muitas vezes, nem os cavalos escapavam. Os viajantes começaram a diminuir e a economia da cidade também.
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Esboço do Imperador Baltek.

10 dezembro, 2006

A Busca - 1ª parte

Próximo de Sharra, além das montanhas Trigar, ficava a floresta Brigurn. Sharra era a última estância antes de atravessar toda a floresta. Os heróis passavam por ela e o respeito era sempre demonstrado pelos habitantes ante a realeza do Imperador Baltek e a imponência clerical de Moisés. A religião selimônica (de Selimon, deus da paz e do amor) era, atualmente, mais difundida que o cristianismo, arrebatando vários adeptos pelo teor de bondade sempre presente nos seus sacerdotes, e Moisés foi seu principal mentor, espalhando-a por todo o continente e se estabilizando em Tetris, onde fundou a central religiosa mais poderosa do planeta. Baltek, lembrado com respeito pelos amigos e não lembrado pelos inimigos, todos mortos. “Paz pela Guerra”, é seu lema. Sempre empunhando a Kil-havokar, a espada sagrada de Telak, deus da coragem, transformou um bando de cidades corruptas no país mais organizado e desenvolvido de toda Yrth. Por onde passava com suas legiões, dominava os inimigos, protegia os aliados e anexava o território. Quando as regiões em volta se deram conta, já havia um novo Estado soberano, Telakia, e a única mensagem do novo imperador foi “Aliados, respeito. Inimigos, MORTE.”. Além dos dois ainda pertenciam ao grupo o elfo Simon Van Helmont e Reginald Butterhold, mais conhecido como Reggie Butcher. Reggie era no momento Capitão de Honra da guarda de Tetris e treinador dos Kobolds de Tetris, o time melhor colocado na liga mundial de rúgbi. Sendo os seres humanos as criaturas inteligentes menos longevas de Yrth, a aposentadoria como Capitão da Guarda veio naturalmente, não antes de defender o reino nas Guerras Triônicas, matando, com as próprias mãos, o poderoso Balthus Bone, imperador insano de Trion. Simon, sacerdote-mor de Palier, protetor das florestas, em sua última jornada espiritual, alcançou o plano etéreo, tornando-se uno com Palier, alcançando o espírito de Gaia, iniciando sua busca logo após tal acontecimento.
Ao chegar a cidade, se encaminharam para Dragão Brigurn, a maior taverna da cidade e o melhor lugar para se conseguir informação.

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Desenho antigo, mas mostra a turma 30 anos antes.

obs.: se alguém quiser saber mais a respeito dos heróis, deixa comentário aí...

16 setembro, 2006

A História de Yirn Blackstone - 1ª parte

O nascimento

Era madrugada. Katra acabava de entrar em trabalho de parto e as outras ogras a ajudavam no que podiam. Elas faziam parte de uma tribo nômade que vivia de ataques a pequenas vilas. Katra não tivera uma gestação fácil... Muitas cólicas e vômitos aconteceram e ela estava visualmente muito fraca.
Quatro horas depois, já pela manhã, nasce o filhote. Vivo mas com a saúde em risco... A mãe morrera no momento que dera a luz e as outras fêmeas não sabiam como dar a notícia a seu pai, o líder da tribo. Uma delas, a melhor amiga de Katra, Zinza, tomou coragem e foi ao encontro de Mok, o líder:
- Mok, seu fio nasceu... Mas ter coisa ruim pra falá... Katra morreu quando deu a luz...
- O que!!!! Não!!! Criança maldita!!! Mok vai matá ela!!!
E, com essas palavras, correu em direção da tenda onde estava sua mulher morta e seu filho. Zinza, correndo em seu encalço, gritava e chorava para que não fizesse nada que se arrependesse. Ele atravessou o portal e esbravejando agarrou a criança em seus braços:
- Minino maldito!!! Katra era boa e tinha qui vivê!!!
- Mok, num faiz isso, ele é seu fio... A coisa que liga ocê cum Katra... Ela num ía querê que ocê fizesse mal a ele.
Apesar de intelectualmente inferior, Mok entendia muito bem as palavras de Zinza e vendo que aquela criaturazinha em seus braços não tinha culpa de nada por ter nascido em tais circunstâncias, deixou o filhote com a parteira e saiu da tenda sem saber o que fazer.

Criação nada ortodoxa

- Essi minino vai tê qui aprendê desdi cedo – dizia Mok enquanto pegava seu filhote e o colocava em uma bolsa confeccionada por Zinza para que ele o carregasse.
- Mais eli é muito novo, Mok... Dexa ele cum a Zinza.
- Não!!! Eli vai sê o melhor guerreiro ogro que já pisô em Tagmar!
- Mas...
- Nada de mas!!! Eu sô o chefe eu qui mando!!!
E foi assim que um bebê de poucos dias acompanhou seu pai, enquanto este praticava a pilhéria nas vilas da região.