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02 junho, 2009

Eu, Zumbi - que agora vai se chamar: Vida de Zumbi. (7ª parte)

Daniel estava completamente bêbado. Na verdade para descrever seu grau alcoólico, “completamente” era uma palavra branda. Marcos bebera bastante, mas algumas cervejas para um “morti viventi” apenas o deixavam ligeiramente embriagado. James se aproximou da mesa e ofereceu o bar para que os dois dormissem, sendo prontamente não aceito por Daniel:
- Não, meu camarada... Brigado, maish eu vô pra otro lugá... Meu amigão aqui me achuda, né não, Marcos?
- Pode crer, Daniel... Deixa quieto, James, eu levo ele pra casa.
Daniel levantou-se e acompanhou James até meio caminho do balcão:
- Tu sabe onde ele mora? – sussurrou Daniel.
- Não... Nunca me disse. Ele quem sempre apareceu aqui. – respondeu James com um sotaque irlandês proeminente.
- Espero que ele me diga... Vamos nessa, Daniel?! Quanto eu te devo?
- Nada... Bons amigos do Daniel são meus bons amigos. Venha quando quiser, Irish Bison é a nossa casa. – e com um forte tapa nas costas, despediu-se de Marcos.
Se aproximando da mesa, notou que Daniel bebia do último copo, vazio:
- Vamos lá, seu bebaça...
- Neim a saidera?
- Mais uma? Vambora, Daniel....
E saíram os dois... O bêbado semi-escorado no quase sóbrio, foram caminhando pela rua quase vazia. As poucas pessoas que ainda estavam fora se encaminhavam para suas casas, muitos bêbados. Era madrugada e uma fina garoa marcava a calçada. À medida que caminhavam, pequenas gotículas de água se formavam sobre seus casacos e Marcos se viu perdido em seus pensamentos, ainda tentando imaginar algo mais estranho do que seu dia. Ouviu um soluço baixo vindo de Daniel e pensou – “que ótimo, soluçando agora”

Obs.: Retomando de onde parei... Peço perdão a Isaac Asimov por copiar o nome anteriormente.

12 julho, 2008

Eu, Zumbi ou Conversa de boteco (6ª parte)

As últimas horas tinham sido muito estranhas para Marcos... Descobriu ser um desmorto, matou alguns caras, encontrou um sujeito mais encrencado que ele nos assuntos sobrenaturais e agora bebiam cerveja juntos num pub... Nesse momento ele pensou no que de pior poderia acontecer e que beber aqueles tragos seria a melhor coisa a fazer.

Daniel, o “invocador infernal” parecia bem calmo, para um indivíduo que acabara de matar um pretenso servo de Deus. Enquanto bebiam, falavam sobre trivialidades, gostos em comum, rock´n roll, mulheres e afins. Depois de alguns tragos, Marcos resolveu retomar o assunto:

- Fala pra mim, cara... O que aconteceu dentro daquele bar? Tu, meio que, tem amigos no inferno?

- Eu não falo muito sobre isso, mas acho que as coisas estão começando a se encaixar... Tu falou em amigos no inferno, né? Bem, não tenho amigos, eu meio que os controlo... Eles fazem o que eu quero. Não sei muito bem como funciona, mas é bem eficiente... Descobri a algum tempo que sou filho de um demônio. Mas não um demônio qualquer e sim um dos que mandam no inferno... Eu to sendo bem simplista...

- Puta que o pariu... Cara, como tu vive com essa merda toda?

Parecia que falavam de frivolidades, como quem fala de um churrasco no último fim de semana.

- No início foi muito difícil... Tentei me matar algumas vezes, mas tu sabe... Suicídio, inferno, então... Nunca deu certo. Me adeqüei à situação... – e mais uma golada.

- E... Tipo... Pra que que tu tá na Terra? Pra ser tipo um anticristo ou coisa assim?

- Eu pesquisei algumas coisas... Sobre os planos de meu pai... Há muito mais sobre o inferno escrito por aí do que nós sabemos. É muita coisa pra falar agora, mas tu tem que saber que não são céu e inferno... Estão mais para dimensões paralelas... Nós estamos no meio da bagaça e os caras acham que conquistando aqui a vida deles vai ficar mais fácil.

- Então Deus... – Marcos é interrompido por Daniel.

- Esse Deus que todos chamam... Eu não o conheço. Na verdade conheço poucas pessoas dessas dimensões. Conheço pouco até mesmo do inferno. Mas sei que quando chegarem aqui não vai ser muito bom. E tenho pouco tempo para fazer algo...

- Algo como assim?

A cerveja já fazia efeito. James era um cara bem atencioso com Daniel e quando uma acabava, outra era reposta. A conversa surreal se desenrolava cada vez mais natural e Marcos se agradara muito da cerveja irlandesa. Daniel continuava com seus conhaques de acompanhamento e após outra golada:

- Já ouviu falar que 33 é um número não preterido pelas religiões...

- Sei que Jesus morreu com essa idade...

- Pois é, ficou meio cabalístico aqui... Mas pro pessoal de lá é muito importante. Por isso Jesus morreu nessa idade. Ele não poderia ficar aqui mais tempo.

- Mas... Ele veio mesmo para nos salvar?

- Cara, não sei... Acho que ele também não sabia... Só sei, pelo que li, que ele também ficou muito decepcionado com a situação...

- Bicho, que coisa maluca... E eu que só devia ter morrido...

- Hahahahaha, bem vindo ao meu mundo, cara pálida!

E mais um brinde foi feito...

25 março, 2007

Eu, Zumbi ou Ainda tô escrevendo isso (5ª parte)

Saíram do bar, dobrando a esquina antes das sirenes ficarem altas o suficiente. O que era esquisito se tornou terrivelmente estranho e bizarro. Antes era só teu estado “post-mortem”, agora um recém conhecido sujeito que conseguia abrir portais para o inferno se tornara teu colega de noite. Enquanto caminhavam, Marcos tentava engolir todos aqueles acontecimentos e o sujeito acendia um cigarro:

- Ei, zumbi... – primeira baforada – Afinal, o que aconteceu contigo?

O tom da conversa era o mais normal do mundo:

- Cara, peraí... Tu acaba de matar um cara...

- Seguinte, se a tua idéia é me criticar sem me conhecer, então te manda. Meu saco já ta cheio demais...

- Tá... Eu não quis ser escroto. Foi mal. É que muita coisa ta acontecendo ao mesmo tempo...

- É, isso tu já me disse. Eu sei como é. Tu pôde ver que coisas estranhas também acontecem comigo. E até eu me acostumar, passei por poucas e boas.

- Bicho, eu simplesmente acordei e cavei minha saída da sepultura. Fui a um bar, tomei uns tragos, encontrei com o cara que me matou e acabei com ele e teus amigos. Tava fugindo até entrar naquele bar e te encontrar. Esse é o resumo do que aconteceu comigo.

- Hmmm... Bem, vamos entrar nesse bar. – apontou pra um pub, geralmente freqüentado por playboys da cidade. – E, aliás, meu nome é Daniel, prazer Marcos.

- Prazer, Marcos... Mas esse bar é meio ruim, tipo... Peraê, como tu sabe meu nome???

- Te explico depois, vamos aqui mesmo que é escuro e ninguém vai incomodar a gente.

Entraram no bar. Ninguém os abordou, Daniel parecia conhecer algumas pessoas e sentaram-se à mesa mais obscura do recinto. A decoração lembrava um pub irlandês daqueles de filmes e Marcos constatou estar errado sobre seus freqüentadores. As pessoas ali pareciam ingleses e adjacentes, em várias mesas as pessoas falavam apenas inglês, ou algum dialeto bem próximo. Aparentemente, os playboys ficavam do lado de fora, fingindo beber as cervejas irlandesas. Um sujeito alto, corpulento e com duas grandes costeletas ruivas veio atendê-los:

- Olá, Daniel, caro amigo. Tudo bem? O que vai ser hoje? – falou o homem, com um forte sotaque:

- Oi, James... Tudo indo, duas Guinness pra nós, e um conhaque daqueles pra mim.

O garçom cumprimentou Marcos com um aceno de cabeça e foi buscar o pedido:

- Adoro esse bar, mas como tu pôde perceber, um bocado de merda acontece comigo, então o evito. James é um bom amigo. Eu o ajudei, ele me ajudou, estamos quites e criamos um vínculo...

O pedido chegou, James os serviu e se retirou apenas com um polegar levantado:

- Não sei se é da minha conta, mas o que foi aquilo no bar? – perguntou Marcos enquanto, levava teu copo à boca. No meio do caminho, Daniel o interrompeu:

- Sem brindar? Por favor... – levantou teu copo, Marcos fez o mesmo e Daniel falou com um pequeno sorriso no canto da boca:

- Morre seco...

- Que porra é essa?

- Nada, só um brinde que faço com meus amigos...

Assim se iniciou o bate papo de dois dos seres humanos mais sobrenaturais da face da Terra...

19 janeiro, 2007

Cria de Satã? (Eu, zumbi! - 4ª parte)

Marcos correu. O máximo que pôde. As sirenes diminuíram de volume e as ruas ficaram mais escuras. Ele conhecia o lugar e sabia que havia uma espécie de pub barra pesada ali perto. Se dirigiu pra lá, com o intuito de se esconder. Chegando lá, num lugar de nome bem esquisito, entrou, passou pelas mesas de sinuca e foi direto ao bar. Pegou uma das carteiras, a carteira de Mauro “infeliz, desgraçado”, sacou uma nota de 50 e pediu vodka:
- A garrafa...
- Tá bom, mas se ficar bêbado ninguém aqui vai te levar pra casa.
Pôs-se a beber, pensando no que acontecera:
- Você ta fedendo, guri...
Ouviu isso do sujeito ao seu lado, mas não o conhecia. Ele poderia estar falando com outra pessoa, afinal, o bar estava cheio. Continuou com a vodka:
- Não é todo dia que surge alguém cheirando a sangue e tripas... Aliás, tem cérebro no teu sapato...
- Tá falando com quem, amigo?
- Tô falando contigo e não sou teu amigo... – continuou o sujeito, com ar de superioridade. Ele tinha uma aparência esguia e muito atraente, mesmo para um homem. Bebia uma cerveja irlandesa, enquanto bebericava um conhaque. Mas, como ele poderia saber? Tantos cheiros, tudo escuro... Como encarar isso?:
- Você ta enganado...
- Sim, e você não ta morto.
- O que você quer de mim?
- Nada, só puxar papo... Não é sempre encontro um morto-vivo ensangüentado tomando uma garrafa de vodka.
- C-como assim? Você é maluco?
- Bem, se tu não ta afim de conversar...
- Mas como você sabe?
- É difícil de explicar, mas eu sei várias coisas...
- E tu sabe como isso acontece?
- Sei o trivial... Asteróide estranho bate na Terra, lixo tóxico do exército, macaco das florestas da Nova Zelândia... Tu não sabe como ficou assim?
Aquela conversa alucinava a mente de Marcos cada vez mais. Acabara de levantar do túmulo, matar três pessoas e tinha encontrado o sujeito mais nonsense da face da Terra:
- Então ta, se não quer falar...
- N-não, calma aí... Eu ainda estou digerindo isso tudo. Cara, em menos de duas horas várias coisas bizarras aconteceram comigo... Puta que pariu... – levou a mão a cabeça e tomou uma golada de vodka:
- Ah, eu sei como..... BLAM!!!
Subitamente, irrompe porta adentro um homem forte, com uma cruz de metal pendurada no pescoço, uma máscara de esqui e uma escopeta calibre 12:
- Onde está ele??? Onde está a cria de Satã???
O barman, imediatamente, sacou de uma pistola sob o balcão e atirou contra o homem. O tiro atravessou-lhe o braço direito e fazendo-o recuar dois passos. Porém, isso não o fez parar e disparou no barman, espalhando sua cabeça por todo o bar:
- ONDE ESTÁ VOCÊ, DEMÔNIO!!!
“Meu Deus!!” – pensou Marcos – “Será que sou eu?!?! O que eu vou fazer!!!???”:
- Ah, por favor, até aqui??? – o sujeito que estava ao seu lado, levantou-se e partiu em direção do atacante:
- Vá se foder, desgraçado!!! Você e sua religião maldita!!! Você quer demônios? Que tal esse?
Nenhum movimento foi feito. O tempo parecia parado. As pessoas dentro do bar estavam completamente atônitas, somente Marcos parecia se mover. Quando o chão em frente ao homem começou a se abrir, Marcos não acreditava nos seus olhos. O homem com a escopeta parecia apavorado e aparentemente havia iniciado uma oração. O chão continuava a se abrir e ele não conseguia mover os pés que, lentamente, começaram a, literalmente, ser tragados terra adentro, por mãos invisíveis:
- AAAAAHHH Pai nosso que estais no céu...
O sujeito do bar, pegou a garrafa de vodka, quebrou-a no balcão e caminhou lentamente na direção do homem:
- Cala essa boa, imbecil... Você acha que tem alguma moral pra falar o nome do seu deus assim? Não conhece os “mandamentos”?
- P-p-p-por favor, n-não faça...
Enfiou a garrafa quebrada boca adentro do mascarado. O sangue jorrava pela máscara, enquanto ele continuava:
- Você acaba de matar um homem... Será que “não matarás” não significa algo pra você?
E o homem continuava a berrar enquanto tirava a máscara e revelava uma face tatuada com uma cruz estilizada e seu maxilar inferior solto, banhado em sangue fresco. A terra continuou tragando-o até que, na altura da genitália esta se fechou, cortando-o ao meio.
Marcos assistia a tudo aquilo, horrorizado. As outras pessoas ainda estavam petrificadas, como que enfeitiçadas por alguma coisa:
- Merda, vou ter que beber em outro lugar...
Voltou ao banco, pegou o casaco e foi para a porta do bar, passando sobre o meio-corpo jogado no chão. Saiu do bar e após alguns segundos voltou:
- E você? Vai ficar aí ou vai vir comigo?

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Será o Marcos?

12 dezembro, 2006

Eu, zumbi... ou Leia essa MERDA!!! - 3ª parte

Marcos não sabia se corria ou se aproximava de Maine. Olhos arregalados, expressão de completo pavor e um grito mudo que assustou as duas outras garotas que estavam com ela. Foram longos 10 segundos, até dar um passo em direção a ela e o grito mudo se tornar um berro digno de uma groupie. Nesse momento, todas as pessoas que estavam em frente ao bar deixaram de fazer o que faziam e fitaram Maine, enquanto essa se afastava, com passos curtos:
- Que porra é essa aqui???
Do meio da multidão apareceu o Mauro, que naquela ocasião namorava Maine. Marcos e Mauro sempre a disputaram. Mauro sempre fora imbecil, desde a escola, sempre usando de artifícios fúteis e Marcos se safava usando a cabeça, muitas vezes contra alguma parede, até um dia que trocaram socos, Mauro desmaiou, Marcos perdeu três dentes e nunca mais fora incomodado... Até se relacionar com Maine. O moleque irritante se tornou um brutamontes adepto do jiu-jitsu e Marcos continuou com o lema sexo-drogas-rock’n roll.
Junto com ele estavam seus “amiguinhos de tatame”... A única reação de Maine foi apontar o dedo para Marcos. A expressão de Mauro foi um misto de surpresa e raiva:
- Ah, filho da puta!!! – e pôs-se a correr atrás de Marcos, seguido pela tropa.
Qual seria sua reação? Pois é, exatamente. Ele fugiu, o mais rápido que podia. Descobriu que fôlego era coisa do passado e correu em direção a uma rua escura próxima, para chegar logo no lugar de mais movimento, onde os idiotas não o pegariam e seria fácil escapar. Ledo engano... Não pela história do fôlego ou pela rua escura, mas pelo lance da facilidade. Uma náusea sufocante tomou conta dele e o fez tropeçar, cair e vomitar mais algodão e pus, dando tempo da gangue se aproximar...
Foram vários chutes, as dores eram menores, mas não menos humilhantes. De repente eles pararam:
- Quer saber, tem que ser um de cada vez! Dudu, pega esse babaca e esfola ele! – foi a ordem do chefão.
Eduardo era um antigo amigo de Marcos. Os dois colecionaram gibis na mesma época, mas a necessidade de ser visto e uma briga idiota o levaram pro outro lado. Ele se agachou e resolveu socar a cabeça de Marcos:
- Eu te avisei pra ficar longe...
E socou... Uma, duas, três, quatro:
- Pára cara, por favor...
Cinco, seis, sete, oito... Marcos segurou Eduardo pelo braço:
- Eu disse pra parar... – enquanto secretava um líquido desconhecido de seus ferimentos. A força era enorme, mas o esforço era pequeno. Cravou mais os dedos no braço do idiota:
- Ah, me larga, tá machucando!!!
- Machucando??? MACHUCANDO!!!
Forçou o braço contra o próprio rosto do atacante. Pôde-se ouvir um crack agudo e o antebraço se partiu em dois, rasgando a pele e ficando semi-exposto. Marcos soltou o antigo amigo e este caiu para trás, urrando de dor. “Que coisa!!!”, foi a única coisa que pensou. Aquilo era impossível e animalesco, mas ele gostava.
Os dois outros idiotas, além do idiota-mor, partiram pra cima dele. Com um ele descobriu que carne humana fresca era terrível, arrancando-lhe um naco de sua garganta, por onde espirrava tanto sangue que provavelmente atingira uma veia das grandes. O outro teve o crânio esmagado contra o chão, perfurando seu cérebro com os cacos de osso espalhados pela testa:
- SEU DEMENTE DESGRAÇADO!!! Vou terminar o que comecei...
Essas palavras ativaram o maior deja vu já sentido por um morto-vivo na face da Terra. “Terminar o que comecei”... Sua morte era algo que Marcos ainda não tinha parado pra pensar. Não tinha nenhum problema de saúde grave e não se metia com traficantes e afins. Trabalhava e estudava como qualquer jovem e não tinha inimigos, exceto Mauro. Sua última lembrança estava embaçada até aquele momento... “Terminar o que comecei...comecei...comecei...”. O que aparentemente seria uma conversa foi uma armadilha. Mauro ligou para Marcos, para que os dois pudessem conversar sobre Maine. Conversa amigável, sem violência desnecessária. Marcos era um crente por natureza. Mesmo tendo certo ódio da humanidade ainda acreditava nos seres humanos e esse fora seu último erro. Marcaram numa praça conhecida dos dois, num bairro um pouco distante, porém perto da casa do Mauro. Marcos chegou, esperou, até avistar Mauro se aproximando. Pôs as mãos nos bolsos, abaixou a cabeça... Quando levantou, uma arma estava apontada para ele... Tirou as mãos dos bolsos apenas em tempo de ouvir dois tiros e a frase:
- Toma, animal... Mandei ficar longe dela...
A cena se repetia agora! Uma arma apontada, um lugar escuro, uma frase mal formada. Ouviu-se o primeiro tiro, uma bala no ombro e Marcos levantou completamente:
- Mas como???
E apertou o gatilho mais duas, três vezes, enquanto Marcos se aproximava! Descarregou toda a arma em Marcos e esse só andava em sua direção, coberto de sangue e com uma expressão tão insana a ponto de dar inveja a Dr. Lecter! Ficaram cara a cara! Mauro babava de pavor e deixou a arma cair:
- O q-que é v-v-você?
- Eu sou aquele que veio pra se vingar, seu verme filho de uma puta...
Essa frase, digna de um terror macarrônico, foi seguida por um golpe no abdômen de Mauro. A força era tanta que, com os dedos perfurou, a barriga do infeliz:
- Veja se gosta disso?
E rasgou a carne de Mauro como quem rasga uma folha de cartolina. Os intestinos saltaram para fora e Mauro, apavorado, tentava segurá-los dentro de si. Marcos riu, lembrando-se de uma antiga história do Hulk, quando este enfrentou Speedfreek e teve que fazer o mesmo. Só que o Hulk tem fator de cura... Mauro não... Não demorou muito até cair quase desfalecido:
- Essa é pra tua mãe não te reconhecer...
Marcos foi enterrado com suas botinas favoritas. Agora a sola direita descansava dentro do crânio de Mauro. Olhou em volta e viu Eduardo chorando, encostado numa parede. Marcos se aproximou e agachou:
- Me avisou pra ficar longe? Éramos amigos e olha o que nos tornamos... Levanta e some daqui... – e pôs-se de pé.
Eduardo obedeceu e saiu correndo, apavorado.
Aquilo tudo fora impressionante e aterrorizador, mas ele adorara... Estava ficando louco? Não queria pensar nisso, ouviu as sirenes da polícia. Não devia perder tempo, roubou as carteiras, um casaco limpo e fugiu...

30 setembro, 2006

Eu, zumbi... ou Ainda dá pra beber cerveja - 2ª parte

“Bar Bicho Zé, hoje festa de Halloween com a banda Inferno Ardente!!!” dizia na entrada do bar. As criaturas mais horrendas começavam a se amontoar em frente ao bar. A chuva cessara e as pessoas chegavam para a festa. “Que ironia, Halloween, hoje?” pensou Marcos enquanto se dirigia para o bar. Zé era um colega antigo, de tanto freqüentar o bar acabou por criar um vínculo, apesar de não vê-lo há alguns anos. Vampiros, bruxas, lobisomens, frankensteins, zumbis, Jason, Freddy, enfim, tudo o que é criatura das trevas estava lá.
Procurou dinheiro nos bolsos... “Quem iria enterrar alguém com dinheiro?” Depois da idiotice feita resolveu se aproximar do bar. Nenhuma pessoa conhecida. Mas, e se encontrasse alguém conhecido que soubesse de sua morte? Tudo ficava mais confuso com o passar do tempo e também surgia uma espécie de náusea... “Náusea? Caralho, vou vomit...” Foi o tempo de correr e alcançar uma árvore:
- Bleargh!!! Coff, Coff... UUaaarrrrrr!!! – e saiu um misto de algodão, sangue e pus.
- Só me falta essa... Nem morto eu me livro disso... E que porra de algodão é esse?
E lembrou-se dos filmes de terror, quando os sujeitos dos necrotérios enchiam os mortos com algodão, para que o caixão pudesse ficar aberto no velório. “Será que eu vou ter que comer carne humana? Ou cérebros?”. Aqueles vários filmes de terror só haviam criado mais e mais dúvidas sobre sua atual condição. “Ah, foda-se, vamos nessa!” pensou, voltando a caminhar na direção do bar, sempre seguido pelo cão.
A banda já começara e, por ironia, tocava “Digging the grave”. O instrumental era bom, mas o vocalista não prestava. Marcos sempre quis montar uma banda, mas como não tocava nada, nunca levou a idéia pra frente. “Digging the grave, i got it made...”. A música continuava e a imaginação fluía até o tapa nas costas. A poeira do terno levantou e Marcos virou-se:
- Há quanto tempo, camarada!! – era Zé e um inseparável copo de vodca. Uma camiseta do Motorhead e uma carteira de Hollywood também faziam parte do pacote. Enquanto a mulher e o irmão tomavam conta do bar, Zé fazia sua ronda costumeira. Todos respeitavam-no transformando o ambiente num lugar violento e sem brigas (entenda como quiser).
- Fala Zé, beleza? Faz tempo que não venho aqui... Tava meio, cansado.
- Pois é, tu tem que aparecer mais... Vai beber nada não?
- Porra Zé... To sem grana...
- Ah, foda-se, depois tu acerta! Pedro, libera a cerva pro cara e anota!
- Valeu Zé.
A birita estava garantida. Mas será que beber era uma boa opção? Pedrão, sempre pouco simpático, abria aquela Skol gelada enquanto resmungava algo. Helena, a mulher de Zé, acenou do caixa, enquanto anotava a primeira cerveja.
Tudo correu tranquilamente no resto da noite. Não encontrou nenhum amigo e todos elogiavam sua “fantasia”. No fim do show, algumas pessoas foram embora, algumas ficaram. A grande notícia era que a cerveja continuava fazendo efeito, a má era que ir ao banheiro ficou mais costumeiro. Marcos foi dar uma olhada lá fora, pra ver as pessoas, se esquecendo um pouco do que estava acontecendo consigo. Um pouco mais adiante, avistou Maine. Uma garota com quem tinha um relacionamento esquisito que os dois gostavam de aproveitar. Ela também o viu. E ela tinha ido ao seu enterro...

Obs.: As marcas usadas aqui não foram autorizadas... Mas eu consumo as tais e garanto que são das melhores.

25 setembro, 2006

Eu, zumbi... ou Saindo do Buraco (literalmente) - 1ª parte

- Que porra é essa!!?? Quem me prendeu aqui???
Assim acordou Marcos, numa escuridão completa e sufocante. O lugar onde estava mal dava para se mexer e, com o desespero já tomando conta, começou a se debater e gritar. Era uma espécie de caixa de madeira, forrada e macia. Se a parte de cima fosse uma tampa, começava a ceder. Os socos enfraqueciam cada vez mais a madeira que começava a rachar e pingar um pouco de água suja. Passou a empurrar e, talvez devido à adrenalina presente no corpo humano quando em situações difíceis, conseguiu mover a tampa para cima, fazendo cair um pouco de terra em cima de si mesmo:
- Caralho!!! Eu tô enterrado!!!
Nisso a tampa cedeu, dando lugar a uma enxurrada de terra úmida. Ele deu início a uma escavação frenética, pensando em o que aconteceria se o ar acabasse. Foi subindo, subindo, cercado de lama e sujeira até que sua mão alcançou a superfície:
- Consegui, falta pouco, AAAAAHHHHHH!!!!!
Foi a força que precisava para continuar. Saiu do buraco como que estivesse preso por dias e dias, ávido por comida. Saltou para fora e tomava fôlego... Fôlego? Olhou para suas mãos, que após os socos, empurrões e escavações deveriam estar banhadas em sangue quente e jorrante. O que descobriu foram feridas abertas, secas e uma pele esbranquiçada como leite. Tentou empurrar ar para os pulmões. Isso o fez muito mal, a ponto de causar ânsia de vômito. “Não estou mais respirando???”, pensou e nesse momento se deu conta de onde estava. Um cemitério!!! Pulou para trás como quem quer se afastar de tudo acabando por bater com a cabeça em uma pedra. Olhou para trás e leu a inscrição: “Marcos Pessanha, 1975 – 2003”:
- QUE PORRA DE BRINCADEIRA É ESSA!?!?! – recusou-se a acreditar.
Não podia estar morto! Mortos não falam, não andam e muito menos cavam! Pensou em um pesadelo e tentou acordar, mas a sirene de uma viatura da polícia o mostrou que estava no mundo real. Catalepsia!!! É isso! Sofro dessa doença e todos acharam que estava morto... Mas como explicar as feridas sem sangue e a não-respiração. Notou estar vestindo um terno. Nunca usara um terno antes, a não ser quando foi padrinho de casamento de um amigo. Lembrou-se dos filmes e resolveu abrir a camisa, para ver os pontos da autópsia. Constatou que seu tórax parecia um pedaço de carne recheada, costurada com linha grossa, pronta para assar. “Tenho que sair daqui! Arrumar um lugar pra pensar...” e foi isso que fez. Levantou-se, limpou-se como pode, sendo que a chuva o ajudara com a lama. Quando resolveu caminhar ouviu uma voz:
- Tem alguém aí?? Malditos jogadores de RPG... Por que não vão ao IML para ver um corpo!!!
Devia ser o zelador do cemitério! Acocorou-se próximo à lápide, para se esconder. Não era muito fácil, pois 1,80m de carne atrás de uma lápide de 1m complicava bastante. Mesmo assim, manteve-se quieto até que os passos do estressado zelador se afastassem. “Ufa, estou salvo... Salvo de que? Eu tô morto!!!”, notou atrás de si um movimento, virou-se rapidamente a tempo de ver um cão, desses vira-latas peludos, olhando para ele, como se visse um novo dono:
- Oi cachorrinho. Não lata, por favor.
O cachorro simplesmente inclinou um pouco a cabeça, como quem está dizendo “Queisso?”:
- Quietinho, isso, bom garoto...
O cachorro se aproximou e começou a cheirá-lo. Não como um cachorro geralmente cheira uma pessoa e sim como cheira um osso que enterrou a uns dias atrás:
- Ei, ei. O que você quer? Já estou até imaginando.
E pôs-se a caminhar, seguido pelo cão. Quando finalmente achou o portão, viu que este estava trancado. “Nos filmes é sempre fácil entrar no cemitério”, pensou enquanto subia no portão. Chegando ao topo, desequilibrou-se e despencou lá de cima, como uma jaca que cai do pé, batendo violentamente contra o chão de cimento frio. Não sentiu dor alguma e logo se levantou para ver o cão vindo em sua direção, saindo de um buraco no muro do cemitério, que ele mesmo poderia ter usado para sair:
- Grande ajuda, cachorro... – disse enquanto o cão começava a cheirá-lo novamente. – Hmmm... Esse deve ser o Cemitério Santa Luzia... Acho que é melhor ir pra lá. – e, quando levantou seu braço direito, para apontar a direção, viu que estava quebrado. A queda o partiu em dois:
- Puta que pariu... E essa agora, como vou colocar essa merda no lugar? Será que se eu segurar um pouco ele cola novamente? – nunca foi bom em biologia e nem sabia que osso tinha quebrado, se lembrava de que tinha cálcio e pensou que o cálcio do osso que estava preso no corpo poderia “colar” no cálcio do braço quebrado. Apesar do pensamento imbecil, aparentemente funcionou e nesse momento ele se achou um especialista em medicina, apesar de ter estudado desenho.
- Lugar sinistro pra se andar à noite... Posso ser assaltado. Mas quem vai assaltar um morto??? – achou graça e foi andando pela rua. Um lugar que freqüentava quando era mais novo e andava com a turma do heavy-metal ficava a alguns quarteirões dali. E foi andando na chuva, acompanhado pelo cão, este sempre cheirando sua perna, para o bar.