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29 setembro, 2009

Adaptações... volume 2

O ano: 2000. Heróis: X-Men.
Depois dos já citados conturbados anos 90, o novo milênio (mentira, seria só em 2001, mas....) se iniciava e a Marvel havia se lembrado de seu grupelho de mutantes em colans (é assim que escreve???) coloridos que foi grande sucesso a algum tempo e estava retornando ao estrelato. Sentados numa mesa de bar estavam Bob Harras (saindo), Joe Quesada (entrando e criando raízes. Fícale, fícale!!) e Stan Lee, tomando uma cerva gelada, discutindo o que fazer... Até imagino o bate papo:

Bob Harras:
- Putz, a Marvel quase faliu... E nem foi culpa só minha...
Joe:
- Nosotros tenemos grandes ideas para la empresa. Já sê el nombre: Marvél Knights. Más precisamos de outra idea.
Stan:
- Cadê minha empadinha? Pô, ei, seu garçom.

Eis que vira um sujeito grisalho, barba por fazer, que atendia às mesas e disse:
- Não pude deixar de ouvir sua conversa... Já pensaram em fazer cinema?
Bob:
- Huntz... Olha só, qual é a desse garçom...
Joe:
- Una belíssima idea. Qual es su nombre?
Silvio Luiz:
- Quero minha empadinha, pô.

E o sujeito responde:
- Meu nome é Avi Arad. E acho que posso ajudá-los.

E assim, Avi Arad retornou a Marvel, com algumas idéias na cabeça e Sil... Stan Lee ficou sem empadinha...
É claro que nada disso aconteceu, mas serve pra ilustrar um dos momentos mais memoráveis das adaptações: X-MEN - O filme.
Um desconhecido David Hayter escreveu o roteiro, um competente Bryan Singer adaptou e dirigiu um belo conjunto de atores, alguns novatos, outros nem tanto, o que se tornou o marco zero das boas adaptações.
Críticas à parte (sim, não é perfeito... e eu, como fã, bem que gostaria de ver aquele pessoal nos uniformes... bendito seja Alex Ross), o filme foi um grande sucesso, dando um novo gás ao desenvolvimento de filmes baseados em quadrinhos.
O "amigão da vizinhança" não poderia ficar atrás, sendo assim chamaram Sam Raimi (saudades do Evil Dead) e peliculicaram o Aranha (Homem Aranha vs Gatta Metálico)(pra quem não sabe quem é Gatta, procura algo sobre os Changeman). O filme foi um sucesso absurdo, sendo inovador em efeitos especiais e blá, blá, blá...
Muitos sucessos, muitos dinheiros, muitas empolgações, muitas cagadas... Hmmmmm, ai minha língua.... Demolidor e Hulk não me deixam mentir.
Nem vou comentar muito... O primeiro, levou um desinteressado Ben Affleck a se tornar o advogado cego, Jennifer Garner (quem?) a atuar como Elektra e Colin "cara de doido varrido chorão" Farrell como Mercenário (esse chegou a influenciar os quadrinhos, pra fazer maluco chamaram o cara certo).O filme lembra muito a luta entre Wayne Campbell e Jeff Wong, pai de Cassandra, em Quanto Mais Idiota Melhor 2 (que título terrível), com personagens cheios de trejeitos, ginga e malemolência. Ah, sim... Michael Clarke Duncan como Wilson Fisk bronzeadis (eu não sou racista... mas nos quadrinhos o cara é branco...).
Hulk... Precisa comentar? Ang Lee, grande diretor do superestimado Tigre e o Dragão... "Vai ser um filme de arte." foi o comentário... PQP, CA$%LHO, B%#$TA, É O HULK, PORRA!!!! Queríamos ver porrada comendo solta, destruição em massa e um gigante de dois metros e meio urrando e gritando "HULK ESMAGA". Ao invés disso, fomos agraciados com um filme preocupado em explicar nos mínimos detalhes o que é impossível de explicar (ao invés de contrair câncer o cara fica verde, burro e fortão... explicar isso??). Enfim, mudaram história demais, levando ao fracasso, como adaptação e filme (mas Sam Eliott "É" o general Thadeus Ross, sem sombra de dúvida).
Nesse mesmo ano, 2003 (é, amigo... os filmes foram feitos a toque de caixa nessa década) saiu X2. O que eu não ía falar do Hulk, deixei para não falar aqui (confuso? eu tb...). Bom filme, quase o mesmo elenco... Deus ama, o homem mata... Tempestade com personalidade distorcida devido a exigências da oscarizada Hale Berry e Noturno afetado. Fim de papo. Bom filme, mais sucesso que o anterior.
O post está bem longo, então vou parar por aqui... Continuamos depois. Abraço.


Stan Lee, depois da reunião... Chateado por causa da empadinha.

09 setembro, 2009

29 julho, 2009

CURSO DE DESENHO PARA GALERA

Esse curso eu achei muito bom, pois dá uma noção boa de movimento e de cenas de ação. Ideal para desenhar quadrinhos. (pena que é de mangá)

Espero que gostem!!


Nesher

16 julho, 2009

Adaptações... volume 1

Hollywood finalmente (re)descobriu o filão dos filmes de super-heróis e afins, as chamadas adaptações. Certos de sua rentabilidade, produtores e diretores estão navegando pelos mares das histórias em quadrinhos, brinquedos, desenhos animados ou tudo isso junto.
Antes, conhecida pela impecabilidade inocente de suas adaptações, a DC corria quilômetros a frente da Marvel e de qualquer outra empresa com seu herói maior, o Super-Sam... quer dizer, Super-Homem (mas ver Ramon Valdez vestido do amálgama Tio Sam/Super-Homem e falando "Time is Money" é impagável). Não saindo muito do contexto, os filmes do Donner eram: a) fidelíssimos aos personagens (apesar do Lex trapalhão, mas muito bem interpretado do Gene Hackman). b) extremamente bem montados (em todos os quesitos, indo do vestuário aos efeitos especiais). c) frutos do trabalho de pessoas que conheciam o que estavam fazendo. Os filmes do Super eram inocentes e divertidos, como as histórias do Homem de Aço na época. Depois vieram as películas do Homem Morcego, onde Tim Burton, apesar da escolha equivocada do protagonista, trabalhou da mesma forma que o Richard Donner, dando a profundidade necessária para a caracterização do personagem. Percalços à parte, como o tele-filme da Liga da Justiça ou o que fizeram com o pobre coitado Monstro do Pântano, a DC mandava bala (na minha humilde opinião, mesmo com o seriado do Flash, o qual gostava bastante).
Enquanto isso, na outra página desse mesmo gibi, a Marvel destruía seus personagens em telefilmes pífios. Capitão América e Homem-Aranha foram os mais abalados. Pode-se dizer que o Hulk também, mas ouvi muito fã de quadrinhos reclamar que o filme foi feito com o Gigante Esmeralda em CGI, lembrando que o bom e velho Lou Ferrigno era um ótimo Hulk. Enfim, provavelmente o problema da Marvel era ser a maior, sempre batia com a cabeça em algum lugar, e essa batida era sempre no ramo cinematográfico. Infelicidades como as já citadas tiveram fim com o Justiceiro (Ivan Drago zanzando de moto pelos esgotos) e Nick Fury (muito divertido e até bem caracterizado na pele do fanfarrão de carteirinha David "Super Máquina" Hasselhoff). Isso sem citar o famigerado Quarteto Fantástico de Roger Corman, pérola do cinema B. Os anos 90 esmagavam a cultura como um rolo compressor, massificando tudo o que podia. Grunge, Itamar Franco, cervejas BR e os mamilos do Batman. Nem preciso falar mais nada. Grande Michael Schumacher (esqueci o nome real do diretor) e suas cores berrantes... JOEL, (lembrei) seu imbecil! A única franquia ainda interessante descia ralo abaixo, entre Governator´s, pediatras e Delícia Silverstone´s. A Marvel já tinha pendurado as chuteiras, comprando tudo o que é micro-empresa de quadrinhos, animação, cinema (o Agent of Shield é dessa década) e eletrodoméstico, tentando entrar em concordata. As fezes já tinham sido arremessadas no ventilador, mas a situação iria mudar...

obs.: Me perdi completamente na cronologia desse post. O que narrei acima aconteceu entre os anos 80 e 90 (descobri que estou ficando velho, confundi as duas décadas).

ob2.: Não citei tudo o que saiu (isso é um blog, não um site de notícias), citei o que vi.

obs3.: Vou escrever mais sobre o assunto... Abraço

Photobucket
Macho pra cara$%o.

14 janeiro, 2009

Coadjuvantes que superam as espectativas.

Já falei sobre o fato do Coringa ser o fator chave em Cavaleiro das Trevas. Isso é fato, e não se deve à morte do infeliz. Ele realmente passou por cima de todos e, parafraseando meu camarada Andy, "comeu o cu de todo mundo com uma cadeira". Mas esse post não tem nada a ver com filmes e sim com quadrinhos.
A algum tempo atrás a Marvel teve uma das idéias mais interessantes até então vista na obscura década de 1990, obscura sim, para os quadrinhos. Essa década mostrou tudo o que não devia ser feito em termos de roteiros e desenhos. Todos estavam no ápice do tônus muscular e todos eram extremamente coloridos... Os roteiros eram cheios de ação, com cúmulos como Wildcats sendo vendidos a rodo. Enfim, a idéia interessante a qual me referia se chama Universo 2099.
Transpor alguns de seus personagens mais famosos para outra época. Uma época controlada pelo corporativismo selvagem; onde a lei servia apenas a quem tinha condições financeiras (estamos longe disso?) foi uma jogada majestosa. E da forma como foi feita então...
Miguel O´Hara, o Homem Aranha 2099, carro chefe do universo, tem uma bela origem. Bem formada e sem ligação direta (parentesco) com sua contraparte atual, conseguiu, mesmo com uma personalidade completamente diferente, manter o nível do nome que carregava... Perdendo a mão tempos depois...
Na verdade, quero falar um pouco dos personagens considerados secundários nesse universo... Dois deles são formidáveis, na minha humilde opinião: Zero Cochrane, o Motoqueiro Fantasma e Jake Gallows, o Justiceiro. O primeiro, uma visão distorcida e tecnológica do Espírito da Vingança e o segundo, uma versão extrema de sua contraparte do universo normal.
Bom... Depois termino... Por hoje é só.

28 dezembro, 2008

The good, the bad and the ugly...

Gordon, Dent e Batman em Cavaleiro das Trevas, o filme... Quem é quem? Fica a cargo de quem assiste. Constatações de um bêbado... Cada vez que vejo o filme me conveço da genialidade de pessoas que lidam com quadrinhos. Up the Irons!!!

23 julho, 2008

Zumbis Marvel



Não é novidade pra ninguém que gosto de quadrinhos e gosto do tema "zumbis"... Juntar os dois foi uma tirada de mestre da Marvel Comics e ainda vêm esses caras e fazem um fan film... Vejam e se deliciem.

Ps.: Saindo um pouco da linha do P&B, mas vale a pena.

03 julho, 2008

Filmes da Marvel - elogios

Aparentemente a Marvel engrenou, no que diz respeito a filmes. Após várias burradas fenomenais, onde incluo os episódios de Homem-Aranha, confesso que filmes como Homem de Ferro e o novo Hulk fazem jus a seus correspondentes nos quadrinhos. É claro que determinadas explorações, como o problema com o álcool do Tony Stark, poderiam fazer parte do contexto do personagem, mas, no final das contas, nós, amantes dos quadrinhos, temos que entender que um filme tem apenas duas horas e personagens dessa estirpe têm mais de 30 anos de história e acrescentar tudo deria impossível. Enfim, comentários sobre os filmes.

Homem de Ferro é o supra-sumo (até agora) dos filmes de personagens mecânicos. A forma como foi montado o personagem e apresentado ao público beirou a perfeição. Um Tony Stark carismático e apático com relação ao uso dos armamentos produzidos pela sua empresa tornando-se um sujeito consciente após o seqüestro veio bem a calhar com a atualização do caracter. A forma como foi produzida a primeira armadura e seu uso de forma precária demonstrou um certo nível de conhecimento por parte do diretor (talvez um bom conselheiro, roteirista de quadrinhos?). Obadiah Stane teve sua introdução no universo das empresas Stark da forma mais precisa possível (nos quadrinhos era meio estranho o ódio que ele sentia por Tony; pai suicida, ex-funcionário da empresa). Pepper Potts e Happy também foram bem representados, considerando que o universo do Homem de Ferro não é composto de personagens muito interessantes. O Monge de Ferro foi uma ótima aposta, afinal seria um vilão compatível e de importância limitada, fazendo bem seu papel de primeiro antagonista do "latinha".
Só elogios... Sim. Desde Transformers não assistia a um filme tão bom de quadrinhos. Daqueles feitos para agradar aos mais fanáticos e aos pretensos novos fãs do personagem. Homem de Ferro figura no rol das melhores adaptações de super-herói já feitas.

Hulk é um caso à parte. Fazer um filme decente do gigante esmeralda era quase uma obrigação da Marvel. O primeiro (que Deus o tenha) foi competente como o Duende Verde "monstro do Jaspion" do primeiro filme do Aranha. Muita complicação, pouca ação. O novo deixou de lado a baboseira "como criei meu próprio Mr. Hyde" e mostrou para que o Hulk veio ao mundo. ESMAGAR!!! Mostrado como um animal selvagem, que pouco entedia o que se passava ao seu redor, o Hulk era um ser digno de pena, como fôra originalmente concebido nos quadrinhos. Sua falta de discernimento, quase infantil, remeteu muito bem à época do "Hulk só quer ficar sozinho, homenzinhos só incomodam Hulk". Betty tentando esquecê-lo e viver sua vida, achando que Bruce encontrava-se morto, também relembra uma época boa dos quadrinhos. "Thunderbolt" Ross, Samuel Sterns e o próprio Emil Blonsky ficaram ótimos, fazendo uma exaltação a Tim Roth pela belíssima interpretação do oficial prestes a se tornar obsoleto e sedento por ação. A única pequena ressalva fica por conta do psicólogo Doc Samson... Da forma como foi retratada no filme, deverá haver uma explicação muito boa para que este se torne o gigante de cabelos verdes dos quadrinhos, caso isso aconteça. No mais, a fala do "verdão" foi de gelar a espinha... "HULK SMASH!!!" soou como uma música inédita do Sabbath, período setentista, para meus ouvidos. Bendito seja Edward Norton por ser fã e modificar o script.

Será que algum dia veremos isso no cinema? Que venham os filmes do Capitão América, Homem Formiga e Thor...

11 novembro, 2007

Que super-vilão você é?

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Achei que fosse o Doutor Destino...

09 agosto, 2007

Breve apanhado da história dos quadrinhos na Europa e nos EUA (até anos 80). - 4ª parte

O PERÍODO DE RENOVAÇÃO DAS HQ

Após os problemas encontrados na década de 40, a HQ ame­ricana irá esbarrar com um novo obstáculo ao seu desenvolvimento: o ataque feito contra as HQ’s por algumas pessoas de prestígio - psiquiatras, educadores, psicólogos e outros. Esses ataques se acentuaram nos anos 50.
A HQ foi acusada de representar para os jovens uma perda de tempo e de atenção, de desenvolver a preguiça mental, de não ter nenhuma sutileza, de tornar as coisas demasiadamente fáceis, de falta de estilo e de moral, de humorismo imbecil ou de reduzir as maravilhas da linguagem a grosseiros monossílabos. Com o aumento da delinqüência juvenil após a Segunda Grande Guerra, esses ataques se tornaram mais violentos e as acusações de psicólogos e pedagogos culminaram com a publicação da obra do psiquiatra Wertham (1954), The Seduction of the Innocent (A Sedução dos Inocentes).
Nesse estudo, com exemplos de algumas HQ’s (apenas as más), Wertham aponta a HQ, numa generalização abusiva, como "a fonte de todos os problemas americanos". 17 Vários estudiosos', todavia, analisaram o problema de forma mais racional e refu­taram argumentos como o de Wertham, mostrando que, na rea­lidade, "as HQ’s não exerciam sobre as crianças uma influência mais nociva do que aquela dos contos de fadas ou das histórias de mocinho e bandido".
Apesar das sucessivas defesas das HQ’s, os sindicatos norte­-americanos submeteram os desenhistas a uma rigorosa censura. Isto acentuou a crise pela qual passavam as HQ’s, que já vinham sofrendo com a concorrência da TV americana. A essa época, atacantes da HQ prenunciavam sua queda e até o seu desapa­recimento, prognóstico totalmente errado, pois não levou em conta a enorme vitalidade e o dinamismo conquistado pelos comics. Assim é que as HQ americanas continuaram no seu de­senvolvimento e difusão pelo mundo.

- 1949 - Walt Kelly apresenta em tiras diárias seu Pogo, surgido ante­riormente (1943) numa revista de quadrinhos. São fábulas que se servem de animais para instruir os homens. Vários são os persona­gens apresentados: um urso irreverente, Barnstable; uma raposa pérfida, Seminole Sam; um mocho cientista, pseudo-intelectual e charlatão, o Dr. Howland; um cão de caça que perdeu o faro, Beauregard; um porco-espinho, Porky; uma vamp gambá, Miss Mam'zelle Hepzibah, e os dois personagens principais: Albert, um jacaré de personalidade marcante, e Pogo, pequeno sarigüê racio­nalista e humanista que contrapõe seu pensamento rigoroso ao ro­mantismo e lirismo de Albert. Todos esses personagens habitam o pantanal de Okefenokee, na Geórgia. Couperie (1970) assim se refere a Walt Kelly: "mais um filósofo do que um artista, com suas HQ aborda as grandes questões morais, sociais e políticas de sua época. Isso lhe valeu numerosos inimigos, inclusive o Senador MacCarthy, que foi por ele violentamente atacado na figura de um chacal, mas também granjeou-lhe o respeito e a admiração dos intelectuais, con­tribuindo assim para a reabilitação das HQ" A linha intelectualista criada por Kelly não tardou a ser seguida por vários outros desenhis­tas e argumentistas. Estava lançada a HQ com uma série de inten­ções, desígnios, preconcepções, alusões políticas, filosóficas e meta­-físicas.
- Aparece “Big Ben Bolt”, história de um boxeador, escrita por Elliott Caplin (irmão de Al Capp) e desenhada por John Cullen Murphy.
- 1950 - Surge Charles Schulz, Que se tornará imortal com os “Peanuts” (Minduim, no Brasil). 900 jornais nos EUA e 100 no estrangeiro pu­blicam suas aventuras, segundo os estudiosos das HQ. Schulz inicia uma linha de caráter psicológico e metafísico para os seus persona­gens. Mostra crianças Que raciocinam e agem como adultos, em situações "em que a comédia é apenas um véu sobre a tristeza latente, a crueldade Que se esconde sob o riso, dando aos Peanuts um caráter doce-amargo e uma sutil ambigüidade às vezes descon­certante" (Couperie, 1970). Seus principais personagens são Charlie Brown, lider descrente da natureza humana; Lucy van Pelt, menina cínica, cujo irmão Linus, intelectual precoce e frágil, vive preocupado com um cobertor Que sempre leva consigo; Schroeder, cujo maior prazer é tocar Beethoven em seu piano de brinquedo; Pig-Pen, o sujinho, e vários outros personagens. Merece citação especial o caso de Snoopy (Xereta, no Brasil), um cão filósofo Que, em sua casa, tortura-se com considerações metafísicas. Os Peanuts, como os ho­mens, têm fracassos, fazem perguntas Que não sabem responder, mas a vida continua.

Charles Schulz é um dos criadores de HQ mais comentados nos EUA por psicólogos que analisam as neuroses e fracassos de seus personagens. Schulz é citado até por teólogos, em obras como a de Robert Short, O Evangelho Segundo os Peanuts, que estabelece correspondências entre essas aventuras e os textos da Escritura (Marny, 1970). Os traços de Schulz são simples, usando pouco para expressar qualquer alteração psicológica de seus personagens, mas fazendo-o com tal propriedade que tem sido chamado nos EUA "O Freud dos Comics".
Com Kelly e, logo a seguir com Schulz, renasce com grande vigor a HQ americana com características intelectuais. As histó­rias humorísticas e de aventuras, no entanto, continuam a ser produzidas, paralelamente às de caráter intelectual.

- 1950 - Mort Walker lança “Beetle Bailey” (Recruta Zero), um soldado desajeitado, e seu companheiro Killer, o feroz sargento Sarge e os oficiais superiores, todos satirizados com a vivacidade e competência de seu criador.
- É lançada nos EUA a E. C. Horror Comic, com histórias de vampiros e monstros diversos.
- 1951 - Hank Ketcham mostra com “Dennis, the Menace” (Pimentinha) a vitalidade da história de garotos com as aventuras de um menino despenteado e muito vivo, que, com sua falsa inocência, conquista o conformismo de suas vítimas adultas inábeis e impotentes.
- Na Argentina, José Luís Salinas cria “Cisco Kid”, um cowboy.
- 1952 - Harvey Kurtzmann lança nos EUA a revista MAD, que satiriza personagens das HQ, modificando o estilo de humor nos EUA e no mundo todo.
- 1953 .- Stan Drake cria “The Heart of Juliet Jones” (O Coração de Julieta), com as aventuras romanescas de Julieta e de sua Irmã Eva.
- 1954 - Na Inglaterra, Sidney Jordan cria “Jeff Hawke”, série de ficção científica.
- 1956 - Jules Feiffer inicia a primeira série de anti-heróis da HQ, com a história intitulada Feiffer. O universo de Feiffer é pessimista e depressivo. Nele encontramos Bernard Mergendeiler, um fracassado, devorado por tiques e complexos, além de um grande número de jovens sem destino e mulheres neuróticas. Em Feiffer não encontra­mos sequer cenários. Os personagens, verdadeiros robôs em grandes solilóquios, contam seus infortúnios. É realmente uma "anti-história em quadrinhos".
- Após a polêmica gerada pelo livro “A Sedução do Inocente”, vários heróis tiveram de ser modificados. Dentre eles o Flash ganhou nova identidade, nova vestimenta e nova origem.
- Morre Alex Raymond, e John Prentice passa a desenhar Rip Kirby, "o detetive com óculos".
- 1957 - Mel Lazarus usa o mesmo ponto de partida de Schulz: crianças inteligentes como personagens centrais. Mas em sua história, Miss Peach, os adultos também encontram seus papéis. Na verdade os adultos (Miss Peach, a professora, e o Sr. Grimmis, o diretor da Escola Kelly) são ignorantes, estúpidos e de visão curta, em con­traste com o conhecimento superior e a vivacidade das crianças: Márcia, a garota agressiva, Francine, a coquete, Arthur, o desengon­çado, e Ira, o tímido.
- Leonard Starr cria “Mary Perkins on stage” (Glória), história de uma atriz, com roteiros originais e diálogos preciosos que lhe asseguram o lugar de uma das melhores HQ da época.
- 1958 - Johnny Hart lança B. C. (A. C., Antes de Cristo) com persona­gens pré-históricos que passam a maior parte de seu tempo em especulações sobre o progresso do mundo e o futuro das civilizações, servindo-se de seu binóculo pré-histórico e satirizando a sociedade contemporânea.
- 1959 - Albert Uderzo e René Goscinny criam “Vercingétorix”, que depois se torna “Astérix”. Trata-se de uma história gaulesa que pretende per­petuar a tradição francesa da história em quadrinhos históricos e defender seu folclore, com personagens característicos e uma boa coleção de piadas que inclui até os balões em hieróglifos. Um inqué­rito realizado na França demonstrou que dois franceses em cada três leram Astérix, o que diz de seu sucesso nesse país.
- Modificação efetuada no Lanterna Verde, que ganhou nova roupagem e perdeu quaisquer características místicas que possuíra anteriormente (ficção científica era mais bem visto que magia). Hal Jordan era um piloto de testes que encontra uma aeronave alienígena destruída e, recebe das mãos de um alien moribundo o anel da tropa dos Lanternas Verdes.
- 1960 - Super-Homem, Batman, Mulher Maravilha, Aquaman, Lanterna Verde e Ájax, O Caçador de Marte, formam a mais famosa equipe dos quadrinhos de super-heróis, a Liga da Justiça.
- Stan Lee, Jack Kirby e Steve Ditko iniciam um conjunto que faria história no mundo das HQ’s. Isso porque foram responsáveis, a partir de 1961, pela criação dos mais famosos heróis da Marvel Comics. A principal característica desses personagens era que a vida cotidiana fazia parte de suas páginas. Sendo assim, eles tinham problemas familiares, se apaixonavam, tinham que trabalhar, enfim, tudo pelo que passa uma pessoa normal. Dessa forma nasceram Quarteto Fantástico – Senhor Fantástico, Mulher Invisível, Coisa e Tocha Humana (Fantastic Four) – grupo de cientistas aventureiros que se precipitam numa viagem espacial e são surpreendidos por uma chuva de raios cósmicos, sendo bombardeados pelos mesmos, adquirindo poderes especiais; Hulk – (The Incredible Hulk) Dr. Robert Bruce Banner - um Dr. Jekill e Mr. Hyde da era atômica, criado após a explosão de um protótipo de bomba gama (sucessora quadrinística da bomba atômica); Homem-Aranha (Amazing Spider Man) Peter Parker - jovem estudante picado por uma aranha radiativa quando participava de excursão escolar em laboratório de pesquisas; Thor (Mighty Thor) Dr. Donald Blake – baseado na mitologia nórdica, onde Thor é o deus do trovão, filho de Odin, imperador dos deuses. Quando se viu ameaçado por jupterianos que planejavam invadir a Terra, o Dr. Don Blake se esconde em uma caverna onde encontra um antigo cajado que quando pressionado contra o chão o transforma no poderoso Thor.
- 1962 - Kurtzmann e Elder criam “Little Fanny” e lançam-na na revista Playboy. Esta história é uma mistura da personagem em quadrinhos, Aninha a pequena órfã, com o primeiro nome de Fanny HilI, antigo romance pornográfico. Little Annie Fanny é um misto de Marilyn Monroe e Brigitte Bardot. Com esta história inicia-se uma tendência erótica nas HQ que não falta nas histórias de aventuras, aparecendo de forma velada e implícita (os eternos noivos, com suas vestes justas, umas vezes rasgadas, presos seminus e submetidos a torturas). O erotismo se inicia agora, no entanto, de forma explícita e aberta.
- Jean Claude Forest cria “Barbarella”, na França. O êxito da série é explicado por ter sido a primeira HQ desenhada para adultos na França, além da beleza de traços dos desenhos. Com Barbarella, a mulher se torna objeto erótico porque ela é o erotismo encarnado em mulher.
- Quino (Joaquim Lavados) lança na Argentina “Mafalda”, perso­nagem que protesta continuamente contra a guerra, as injustiças sociais, meios de comunicação, a vida rotineira de sua mãe e até contra a “sopa”, que, apesar de detestar, é obrigada a tomar. Nota-se nitidamente em Quino a influência de Schultz e dos Peanuts. Mafalda vive com amigos, todos crianças, os problemas psicológicos de “adultos”. Contrariamente ao Peanuts, Mafalda possui, no entanto, uma consciência política bastante desenvolvida. (Masotta, 1970).
- 1963 – Sai da mente de Stan Lee e Jack Kirby, os primeiros X-Men. Primeiros heróis atingidos pelo preconceito racial. Mutantes de nascença, esse grupo promissor era formado por Ciclope, detentor de poderosa rajada ocular, Garota Marvel, telepata e telecinética, Homem de Gelo, capaz de criar e se transformar em gelo, Fera, homem corpulento e de capacidades acrobáticas superiores e Anjo, ser dotado de enormes asas emplumadas.
- 1964 - Na mesma linha dos B. C., surge nova história criada por Brant Parker (desenhista) e Johnny Hart, que se incumbe do texto: “The Wizard of I.D” (O mago de Id). Desta vez a Idade Média foi escolhida para contes­tar nossa sociedade. Trata-se da história de um rei baixote, pessi­mista e mau, que habita um castelo com súditos não menos maus, arrogantes e trapaceiros. Prestam-lhe serviços um mágico de capa­cidade duvidosa e um cavaleiro ardiloso e covarde, que, no entanto, apesar de suas mazelas e defeitos, são as únicas pessoas capazes de demonstrar humanidade. Em “The Wizard of I.D” nada vale a pena e nada se modifica.
- 1964 - É lançada na França a revista Chouchou, revelando novos de­senhistas franceses como Paul Gillon, com Náufragos do Tempo.
- 1965 - Peter O'Donnell e Jim Haldaway lançam na Inglaterra “Modesty Blaise”, série de aventuras.
- 1965 - É lançada na França a 1ª reedição luxuosa de Pieds Nickelés. - Surge na Itália a revista Unus.
- Nos EUA são publicadas Eerie e Creepy, revistas de terror de alto nível.
1966 - É lançada a revista francesa Phénix, com estudos sobre HQ. 1966/1967 - Guy Pellaert e Pierre Bartier criam, na França, jodelle (expressão em quadrinhos de Sylvie Vartan, segundo Marny) e Pravda (representação de Françoise Hardy, segundo o mesmo autor). (Marny, 1970). É o início da pop-art nos quadrinhos, com erotismo acentuado.
- 1967 - Guido Crépax desenha Neutron na revista Unus e depois Valentina, personagem erótica que conquista o público italiano e se difunde por vários países.
- 1968 - Nicolas Devil cria na França a Saga de Xam. Surgindo num misto de ficção científica e de erotismo, Saga coloca problemas ra­ciais, violência e não-violência. É uma extraterrena que vem à Terra a partir de outro planeta, em épocas diferentes, encarregada pela Grande Senhora do Planeta Xam, onde vive, de estabelecer na Terra uma proteção psíquica contra os invasores do seu planeta. Mas na Terra deixa-se seduzir e ganha os vícios dos homens. Quer assenho­rear-se do poder e tornar Xam um planeta forte e vigoroso, mas quer fazê-lo sem violência, pois na realidade Saga se apresenta como ; uma mensagem de paz e amor.
- 1969 - R. Crumb apresenta Zap Comix, quadrinhos underground e pornográficos. Percorrendo o passado da HQ, é relativamente fácil reconhecer que a HQ "não é uma série incoerente de desenhos mas a forma autêntica dos sonhos, das aspirações, das grandezas e miséria do nosso século". (Couperie, 1970).

06 novembro, 2006

Breve apanhado da história dos quadrinhos na Europa e nos EUA (até anos 80). - 3ª parte

A DÉCADA DE 40 E A RENOVAÇÃO POSTERIOR

PERÍODO DE 1940 A 1948.

Este período transcorre sob a influência da 2ª Grande Guerra Mundial, que provoca "grande agitação não somente nos quadrinhos, mas na vida de seus criadores" (Coupèrie, 1970).
Alguns fatos que desencadearam essa agitação foram:

1º) A proibição das HQ’s americanas em 1938 na Itália e posteriormente, na França, Alemanha e URSS, gerando uma série de imitações me¬díocres de personagens e histórias que haviam se difundido por toda a parte. Na Itália, em substituição a "Topolino", o rato Mickey, apareceu "Tuffolino", um garoto; na França não-ocupada, são prestigiados heróis nacionais como Duguesclin, Jean Bart, Jeanne D' Are, Montcalm, sem nenhum atrativo peculiar; na França ocupada, uma revista nazista, Le Téméraire (O Temerário), procura doutrinar seus leitores para o nazismo.
2º) Na França, organizações religiosas e escolares, confundindo todas as HQ’s com a proibição política que havia sido feita dessas mesmas histórias, opuseram-se contra toda e qualquer publicação de revistas de HQ. O partido comunista apresentou projeto de lei que visava a proibição de toda HQ estrangeira, projeto esse que foi rejeitado e retomado de forma mais suave pelos católicos, que criaram uma comissão de fiscalização das produções em quadrinhos em 1949.
3º) Problemas e obstáculos econômicos, tais como falta de papel e tinta, dificultavam a produção das HQ’s na Europa.
4º) Mesmo antes da entrada dos EUA na Guerra, e, até mesmo antes de se ter desencadeado o conflito europeu, alguns desenhistas já haviam tomado posição sobre a questão que eclodiria na Segunda Grande Guerra Mundial. Vêem-se, por exemplo, os heróis de Milton Caniff lutando contra os japoneses, o agente secreto X-9 perseguindo uma rede de espiões dirigida por um capitão alemão, outros heróis se enquadrando na RAF para combater os hunos, ou, de forma mais explícita, um Joe Sopapo lançando um veemente apelo para que os EUA interviessem na guerra e abandonassem sua posição de neutra¬lidade.
5º) Com a entrada dos EUA na Guerra, a 8 de dezembro de 1941, os desenhistas de HQ colaboraram com o governo americano, transfor¬mando seus personagens e suas histórias em verdadeiras armas de propaganda. Joe Sopapo, Jim das Selvas, Dick Tracy, Scorchy Smith, Charlie Chan, Tarzan, O Super-Homem, Terry e outros entraram em luta contra os japoneses, desfizeram intrigas inimigas, derrota¬ram espiões e sabotadores, estabeleceram bases secretas na África, enfim, tomaram parte ativa na Guerra.
6º) Além das HQ’s destinadas aos civis, muitas delas foram especialmente dedicadas aos militares, verdadeiras sátiras narrando acidentes e peripécias da vida militar como Private Breger, como G. I. Joe de D. Breger, ou Sad Sack de George Baker, que tiveram grande su¬cesso tanto na frente de guerra como na retaguarda. Milton Caniff foi chamado para produzir uma história especialmente para os "G.I's", e então criou Male Calt com Miss Lace, como heroína, uma garota pouco tímida e pouco vestida que se entregava a aventuras inocentes com os militares. Para dizer da popularidade de Miss Lace, basta lembrar que sua imagem foi encontrada em vários acampamentos mi¬litares ao lado das fotos de Rita Hayworth e Lana Turner.
7º) Alguns desenhistas, afastados de suas funções para se alistarem nas forças armadas, interromperam sua produção. Esta foi entregue a outros desenhistas, nem sempre tão talentosos. É o caso de Bert Christman, um dos desenhistas de Scorchy Smith, e de Alex Ray¬mond, criador de Jim das Selvas e Flash Gordon.
8º) Mesmo depois de cessada a Guerra, que custou 30.000.000 de vidas humanas, a situação de declínio das HQ’s não melhorou tão rapida¬mente. Havia um "certo constrangimento dos humoristas em serem engraçados", o que é muito fácil de se compreender.

Sob a influência desses fatores é que as HQ se desenvolveram de 1940 a 1948, o que torna sua evolução nessa fase bastante lenta e bem menos explosiva do que no período anterior. Pode-se ver a seguir, em síntese, o que emergiu desse período tormen¬toso, além da utilização dos heróis para a causa militar.

- 1940 – Criação do Capitão Marvel (SHAZAM!) na Fawcett Comics. A sabedoria de Salomão, a força de Hércules, a resistência de Atlas, o poder de Zeus, a coragem de Aquiles e a velocidade de Mercúrio compunham o conjunto de personagens mitológicos que alimentavam de poder o jovem jornaleiro Billy Batson, quando este pronunciava a palavra SHAZAM!
- Das mãos de Joe Simon e Jack Kirby, nasce o Capitão América. No auge da Segunda Guerra Mundial, editores da Timely Comics (atual Marvel Comics) tiveram a idéia de criar um supersoldado que simbolizá-se o sentimento de patriotismo que crescia com a cada vez mais com a aproximação da entrada na guerra pelos EUA. Assim, Steve Rogers, um jovem franzino, voluntário das forças armadas, foi escolhido para participar do Projeto do Supersoldado, sendo o primeiro e único. Sua arma, um escudo, seu uniforme, a bandeira, seu lema, a liberdade. O Capitão América foi usado como influência para o alistamento voluntário de jovens, quando da entrada dos EUA na guerra.
- Nasce Carter Hall, o Gavião Negro. Reencarnação de um príncipe egípcio antigo, combate o crime usando asas emplumadas, uma máscara com bico e uma maça.
- Joel Ciclone aparece pela primeira vez. Trata-se da primeira versão do Flash, o maior velocista do mundo dos quadrinhos. Após inalar um conjunto de produtos químicos, Jay Garrick adquire seus poderes.
- Surge o primeiro Lanterna Verde. Alan Scott adquire com um alienígena um anel que pode materializar pensamentos.
- O primeiro grupo de heróis dos quadrinhos é formado: A Sociedade da Justiça, formado por Flash, Lanterna Verde, Gavião Negro, Átomo, Espectro, Homem-Hora e Sr. Destino.
- 1941 – Surgem Mulher Maravilha e Aquaman. Ela é uma embaixadora amazona, que luta pelo bem usando um laço mágico e um jato invisível e ele um filho de cientista treinado para sobreviver debaixo d’água.
- 1942 - Aparecem as já citadas criações: “G. I. Joe”, “Sad Sack” e “Male Calt”.
- Alfred Andriola, o criador de “Charlie Chan”, lança “Kerry Drake”, um detetive que vive aventuras inverossímeis.
- Crockett Johnson produz “Barnaby”, um garoto de inteligência viva, que habita um mundo fantástico de elfos, gnomos, duendes como Lancelot, McSnoyd, um duende irônico, Gus, um tímido fantasma, e Gordon um assustado cão falante. Esta história, pelo seu assunto contrastante com a época, é uma exceção na tendência dos quadrinhos desses tempos. No Brasil, Barnaby apareceu como tira diária de O Estado de São Paulo.
- 1943 - Roy Crane cria Buzz Sawrey (Jim Gordon), piloto da aviação naval com suas aventuras no Pacifico.
- Walt Kelly lança o personagem “Pogo”, que ganhará relevo mais tarde numa HQ que é sátira à sociedade norte-americana, através de ani¬mais humanizados.
1944 - Frank Robbins lança “Johnny Hazard”, piloto que realiza suas aventuras nos quatro cantos do mundo.
- 1946 - Alex Raymond cria “Rip Kirby”, antigo comandante dos fuzileiros navais que, de volta à vida civil, se torna detetive particular. Kirby resolve inteligentemente seus casos e não apenas com sua força física. Trata-se de um herói intelectual.
- Para incentivar a produção das HQ, a National Cartoonists Society (N.C.S.), associação encarregada de defender os interesses artísticos e profissionais dos desenhistas, lançou nos EUA o "Reuben" (espécie de "Oscar" dos comics, no dizer de Moya, 1970). Trata-se de uma estatueta que representa um quarteto de horrendos gnomos, fazendo ginástica. O Reuben deveria ser entregue ao melhor desenhista do ano.
- Na Bélgica, aparece o semanário Tintin, que retoma o personagem criado por R. Velter, antes da guerra: “Spirou”, um jovem de roupa vermelha que se tornou um dos mais conhecidos heróis da Europa.
- Na Bélgica, Morris cria “Lucky Luke”, cowboy cheio de bom humor.
- 1947 - Milton Caniff cria “Steve Canyon”, antigo capitão da Força Aérea, diretor de uma companhia de aviação, em constante perigo de falên¬cia, o que obriga Canyon a aceitar missões perigosas.
- 1948 - Na Itália, G. BoreIli e A. Oallopini lançam “Tex Willer”, em aven¬turas no Oeste.
- Na Inglaterra, o Daily Mirror lança HQ para adultos com Buck Ryan, de Jack Monk, série de ficção científica; Garth de Steve Dowling (desenho achuriado) e Jane de Pett, personagem criada em 1932, e que fazia de 12 em 12 quadrinhos um strip-tease. (Perry & Aldridge, 1971).


Esse tempo realmente representa um período de declínio para as HQ, que encontra, a seguir, na década de 50, um período de renovação.

25 setembro, 2006

Breve apanhado da história dos quadrinhos na Europa e nos EUA (até anos 80). - 2ª parte

O PERÍODO DE ADAPTAÇÃO E A DÉCADA DE 30

PERÍODO DE ADAPTAÇÃO: 1910 A 1928.


Este período recebe do anterior uma multiplicidade de estilos de HQ, então nascente. Caracteriza-se pela coexistência de duas correntes opostas entre desenhistas: a) a dos humoristas que vêem na HQ apenas um divertimento e um entretenimento. b) a dos estudiosos, que pretendem intelectualizar os quadrinhos, explorando-os formal e narrativamente. As histórias e os personagens marcantes desse período acham-se indicados a seguir.

- 1911 - George Harriman lança “Krazy Kat” narrando as aventuras de um eterno triângulo: a gata Krazy Kat, apaixonada por um camundongo, Ignatz, que a detesta e a castiga habitualmente com tijoladas e o cão de guarda Ofissa B. Pupp, enamorado de Krazy. O cão persegue ,constantemente Ignatz, a quem sistematicamente agarra para atirá-lo numa cadeia. Harriman é lídimo representante da tendência intelectualizante desse período. Krazy, no dizer do próprio Harriman, é "a exploradora vagabunda das regiões da ilusão, que só os ventos percorrem durante o dia e o luar durante a noite.”.

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- 1912 – Prossegue nesta época a rivalidade entre Hearst e Pullitzer. Em 1912, quando Rudolph Dirks, criador dos “Katzenjammer kids” sai do Journal para o World, Hearst não permite que o mesmo leve, os personagens por ele criados para o World. No tribunal, foi decidido que Dirks teria o direito de desenhar seus personagens no World com um novo título, “Hans e Fritz”, como os chamou inicialmente, para mais tarde, denominá-los de “The Captain and de Kids”, nome que é mantido até hoje, inclusive no Brasil (Os Sobrinhos do Capitão). O Journal teria direito aos mesmos personagens e ao título original da história, que passaria a ser desenhada pos outros profissional. O substituto de Dirks foi Herald Knerr que, com seu talento, foi suficientemente capaz de prosseguir com as historietas com o máximo de semelhança tornando-se imperceptível a substituição do desenhista.
- 1913 – Criada por George McManus, surge nos EUA a HQ mais marcante desta época, “Bringing up the Father” com Jiggs (Pafúncio) como protagonista, um trabalhador que enriqueceu repentinamente, acompanhado de Maggie (Marocas), sua exposa, ex-lavadeira que rapidamente se torna esnobe, esquecendo suas origens, o que não ocorre com o Pafúncio. Os conflitos familiares são tão bem explorados por McManus que Pafúncio e Marocas constituiu a primeira HQ que se tornou internacionalmente famosa. O tema da vida em família, a partir de então, passou a ser explorado por grande número de HQ que a ela se seguiram.

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- 1917 - Sydney Smith, seguindo a mesma linha de McManus, lança “The Grumps”, nos EUA.
- 1919 - Frank King introduz nos EUA uma nova série: “Gasoline Alley” com uma inovação importante: o envelhecimento progressivo dos personagens, no mesmo ritmo de seus leitores.

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- BilIy De Beck cria Barney Google, homenzinho de polainas e chapéu coco que passeia pelos EUA acompanhado de um cavalo de corrida. Um personagem secundário, o camponês Snuffy Smith, acabará por destronar Barney do papel principal da história. Snuffy aparece no Brasil com seu próprio nome ou mudado para "Zé Fumaça".

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- Elzie C. Segar lança o “Thimble Theatre” (Teatro do Dedal), série que conta a aventura de uma família maluca.
- A. B. Payne cria Pip (o cachorro), Squeak (o pingüim) e Wilfred (o coelho), animais humanizados publicados no Daily Mirror.
- 1920 - Ainda na mesma tendência da exploração do tema família, surge “Winnie Winkle”, criada por Martin Branner.
- Mary Tourtel cria Rupert, ursinho herói da série “The Adventures of the little lost Bear”. Os animais que vivem como seres humanos ga¬ nham, assim, lugar definido nas HQ.
- 1922 - Ed Wheelan lança “Minute Movies”, série injustamente esquecida, que explorando temas de aventuras emprestados de Ivanhoé e Ilha do Tesouro introduziu o dose up na apresentação dos personagens, mesmo antes de sua introdução no cinema. .
- 1924 - Na França, o criador de “Pieds Nickelés”, Forton, apresenta um novo personagem, “Bibi Fricotin”, garoto de rua ao estilo francês.
- Pat. SuIlivan desloca do desenho animado para a HQ um gato triste, solitário, faminto e melancólico que não consegue sequer ser feliz no país dos sonhos, de onde em geral é expulso a pontapés. Trata-se do Gato Félix.
- Harold Gray lança as desventuras de uma órfã na série “Little Orphan Annie”. Gray, segundo alguns autores, teria introduzido na HQ uma nova tendência: a HQ que reflete claramente uma ideologia política (de extrema direita, neste caso), representada pela encarnação simbólica do capitalismo triunfante, por Papai Warbucks, riquíssimo industrial que sempre protege a órfã Aninha.
- Roy Crane cria “Wash Tubbs” (Tubinho, no Brasil), ponto inicial das HQ de aventuras. Tubinho ganhará, mais tarde, um amigo, que acabará "roubando" o papel principal da história, o Capitão César.
- 1925 - Importante série de aventuras é lançada pelo mestre das HQ na França. Alain Saint-Ogan, jornalista que se transfere para as HQ, criando para o “Dimanche lllustré” dois heróis, um gordo ruivo e outro magro com cabelos ruivos, Zig e Puce, aos quais em 1926 ele junta Alfred, um pingüim. Zig e Puce marcam uma época importante para as HQ francesas por empregar seu criador exclusivamente os balões e, em geral, um cenário tirado ao vivo para os quadrinhos, fixando os lugares por onde viajavam os personagens.
1928 - Surge nos EUA o desenho animado de Mickey Mouse por Walt Disney. O rato mais célebre do mundo entrará em 1930 para as HQ.

A PERÍODO DOS ANOS 30: EXPLOSÃO DOS QUADRINHOS

A renovação da HQ americana, que começa a aparecer no mundo inteiro, processa-se realmente nos anos 30, sendo antecedida de produções características já em 1929. Nesta década as adventure strips (HQ, de aventuras) iriam ganhar uma grande independência.

- 1929 - Harold Foster coloca em quadrinhos o tema da selva e do homem macaco em Tarzan (desenhado por Foster até 1937 e, a seguir, por Burne Hogarth.). O personagem romanceado de Edgard Rice Burroughs ganhou maior importância nos quadrinhos e no cinema. (Observe-se que Foster nunca empregou os balões em Tarzan, mas uma narrativa direta incorporada aos quadrinhos).
- Concebido por John F. Dille, escrito e adaptado por Nowlan e desenhado por Dick Calkins, surge “Buck Rogers”, antigo tenente da aviação americana que é transportado para o século XXV. Buck entra em luta na terra, no mar e no espaço contra seu rival Killer Kane, cujo sonho é roubar Wilma, noiva de Buck Rogers, e subjugar a terra inteira. Esta foi a primeira história a tratar de forma interessante os temas de ficção científica.
- Elzie Segar cria seu personagem mais original e duradouro: um marinheiro caolho, de antebraços hiperatrofiados, por consumir muito espinafre, cujo nome era Popeye, que, tendo sido introduzido como personagem secundário, em breve passou a ser o personagem central do Timble Theatre (Teatro do Dedal). Popeye mal sabe ler e ignora boas maneiras, mas é dotado de um nobre coração. Isto o leva a apaixonar-se pela feia Olivia Palito. Popeye está sempre às voltas com rivais que querem roubar Olivia, mas consegue sempre vencê-los graças ao espinafre. Em torno de Popeye, há bom número de personagens interessantes, além de Olivia Palito, tais como Popa Popeye (o pai centenário), seu filho Swe-pea (Procopinho), Jeep (animal que sabe e diz sempre a verdade) e Wimpy (Dudu), intelectual parasita com enorme apetite por hamburger. Após a morte de Segar em 1938, a história continuou com Tom Sims, Bela Zaboly e Bub Sagendorf.
- Georges Remi (Hergé) cria na Bélgica, no suplemento semanal do diário Le Vingtième Siecle, o personagem que será o valete da HQ européia: Tintin, escoteiro adolescente, acompanhado de seu cachor¬rinho Milou, do capitão Haddock, o biruta Tournesol e os bobocas Dupont e Dupont com suas trapalhadas cômicas. Em 1930, Hergé publica seu primeiro álbum: Tintin au pays des soviets.
- Darrell McClure lança as aventuras de uma menina, “Little Annie Rooney”, e seu fiel companheiro, o cão Zero.
- O camundongo Mickey Mouse, de Walt Disney, é introduzido nos quadrinhos.
- Surge “Joe Palooka” (Joe Sopapo), de Ham Fisher, história de um boxeador com punhos de aço e coração de ouro.
- Noel Sikles continua a desenhar “Scorchy Smith”, criado por John Terry. Foi quem utilizou pela primeira vez o desenho a pincel.
- 1931 - Chester Gould cria “Dick Tracy”, herói de aventuras policiais. Do¬tado de exemplar honestidade, Dick Tracy foi criado em traços exa¬gerados por Gould, num estilo quase caricatural, com nariz em forma de bico de águia e queixo quadrado, desempenhando a função de um agente policial sempre em luta contra o crime.
- Robert E. Howard dá origem a Conan, o guerreiro cimério da era hiboriana.
- Carl Anderson lança Henry (Pinduca ou Carequinha).
- 1933 - William Ritt e Clarence Gray criam um cavaleiro do espaço: “Brick Bradford” (conhecido no Brasil com esse mesmo nome ou como Dick James). Suas aventuras são ora policiais, ora fantásticas, ora de ficção científica. Viaja através do espaço e do tempo à procura de um tesouro de piratas ou de uma civilização do futuro, buscando penetrar os segredos do átomo.
- Alex Gillespie Raymond, aquele que é tido como o "mais completo de todos os grandes criadores de HQ", cria Flash Gordon, uma série de ficção científica; O “Agente X-9”, história de aventuras policiais; e “Jim das Selvas” (Jungle Jim), história de aventuras exóticas. O Agente X-9 nasceu em resposta a Dick Tracy, em colaboração com o romancista americano Dick Hammet. X-9 é um agente do F.B.I. que combate o crime insinuando-se entre os criminosos e utilizando seus hábitos e até seus métodos. O fato de não ter um nome e sim um código (X-9) aumenta o seu caráter misterioso. Bradley, o Jim das Selvas, é um caçador de feras e explorador da África e do Oriente Médio que, sempre junto de seu servidor hindu Kolu e de sua companheira Lil, consegue sobrepujar inimigos, traficantes, pi¬ratas e agitadores. Sua história aproxima-se da de Tarzan. Na série Flash Gordon, três personagens principais do Planeta Terra, Flash, sua noiva Dale e o professor Zarkov, chegam ao Planeta Mongo e ali se vêem às voltas com o Imperador Ming. É grande o poder de imaginação de Raymond, que apresenta paisagens maravilhosas do reino das sombras, da cidade submarina do país dos homens azuis. Flash Gordon sempre triunfa sobre Ming, a encarnação do mal, depois de combates violentos. Em Raymond há uma unidade perfeita entre a imagem e a ação e um estilo incisivo e claro que lhe garan¬tiram o sucesso obtido.
- 1933 - É lançada “Funnies on Parade”, primeira revista de HQ, distri¬buída a titulo de propaganda, pela sociedade Procter and Gamble (produtora de produtos de beleza). Em virtude do sucesso dessa edição, publicaram-se várias outras, tais como Famous Funnies em, 1934 (reproduzindo, como a primeira revista publicada, as séries aparecidas na imprensa) e New Fun, em 1935, a primeira revista original de HQ.
- Lançamento de “On the Wing” (posteriormente denominada Smilin’ Jack), de Zack Mosley, que narra as aventuras de um herói aviador, o capitão Jack. No Brasil, a história apareceu como Jack do Espaço.
- 1934 - Nasce Luluzinha (Little Lulu), pelas mãos de Marge Henderson Buell, considerada pioneira do sexo feminino na profissão de cartunista.
- Lee Falk e Phil Davis criam Mandrake, o Mágico que, com sua cartola e sua capa vermelha e preta, passeia por toda a parte acompanhado por Lothar, africano de grande força física. Mandrake hipnotiza seus adversários, vencendo-os com relativa facilidade, porém encontra um adversário dotado de poderes de magia negra, O Cobra, que lhe cria os maiores problemas no setor da fantasia.
- Al Capp (Alfred G. Caplin) cria “L'il Abner” (Ferdinando, no Brasil) com um humor bem diferente do que existia até então, satirizando aspectos da vida e da sociedade americana. Com sua ingenuidade e inocência, Ferdinando triunfa sobre todos os inimigos, mas sucumbe à corte de sua namorada, Daisy Mae, com quem é obrigado a se casar (1952), por pressão da opinião pública americana. Ele vive em Dogpatch (Brejo Seco), vilarejo pobre sem eletricidade nem água encanada, com seus pais, monstruosos anões, e toda a sua família. Al Capp foi apontado pelo romancista americano John Steinbeck como o maior escritor contemporâneo e por este indicado à consideração da comissão do Prêmio Nobel, de 1953.
- Aparece o “Reizinho” (The Little King), de Oto Soglov, criado originalmente na revista The New Yorker.
- Vincent T. Hamlin cria “Alley OoP” (Brucutu), à semelhança do Popeye. Trata-se de um homem das cavernas que, montado em seu dinossauro, consegue estabelecer a ordem no reinado de Mu. Por sua noiva Ula, bate-se incessantemente e quando está cansado dos tempos pré-históricos, a imaginação de Hamlin permite que o herói se valha da máquina do tempo do Professor Papanatas chegando à época de Cleópatra ou das Cruzadas.
- Na França, A. Daix cria um personagem arquitradicional distraído e com muitas piadas também tradicionais - O Prof. Nimbus.
- 1935 - Fred Harman lança o rude e autêntico western com Bronco Piler (mais tarde Red Ryder, ou o Cavaleiro Vermelho) como per¬sonagem central.
- Na mesma linha de ação no Oeste, mas com características policiais, aparecem outras duas séries: uma criada por Allen Dean, The King of the Royal Mounted (O Rei da Polícia Montada), e outra criada por Flanders, The Lone Ranger (O Zorro).
- É lançada a revista New Fun Comics, a primeira editada por aquela que se tornaria uma das principais editoras de quadrinhos da história, a DC Comics, ainda com o nome de Allied National Magazines. Nela estrearam “Sandra of Secret Service”, “Don Drake on the planet Saro”, “Barry O’Neil” e posteriormente, “Dr. Ocult”, primeira criação da dupla Jerry Siegel e Joe Shuster, os criadores do Super-Homem.
- 1936 - Associado a Ray Moore, Lee Falk cria um justiceiro mascarado que reina em selvas longínquas e pertence a uma dinastia estabelecida no século XVII: The Phantom (O Fantasma).
- 1937 - Inspirado nos romances de cavalaria, Harold Foster cria um novo personagem, que lhe dará o título de representante da tradição clássica na HQ: trata-se do Príncipe Valente, filho de um rei destronado de Thule, que se refugia na corte do Rei Arthur. Pelo amor à sua dama (Aleta) e a serviço de seu suzerano, Valente trava combates com dragões e bruxas, com os vikings e os hunos. É a Idade Média representada nas HQ pelo talento de Foster.

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- Will Eisner lança sua primeira criação, Sheena, a Rainha da Selva. Uma versão feminina do Tarzan.
- É criada a revista Detective Comics, onde os heróis mais detetivescos da editora eram publicados, daria nome, posteriormente, a DC Comics.
- 1938 - No Action Comics, criação de Jerry Siegel e desenho de Joe Schuster, surge o Super-Homem, o último sobrevivente do longínquo planeta Krypton. É capaz de voar e é dotado de poderes sobrenatu¬rais com sua visão de raio X. Sem sua capa com o famoso S, ele nada mais é do que Clark Kent, repórter comum Que não é reconhe¬cido sequer por Lois Lane, colega de redação de quem ele gosta e a quem salvou numerosas vezes como Super-Homem. O sucesso do Super-Homem foi muito grande, incentivando o aparecimento de uma legião de super-heróis.

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- Apesar da invasão dos mais diversos tipos de aventuras e heróis nas HQ, o humor sempre tem seu lugar. É neste ano que “Donald Duck” (Pato Donald), personagem famoso dos desenhos animados de Walt Disney, vai para os quadrinhos.
- Alfred Andriola, inspirado no personagem de Earl Derr Biggers, passou Charlie Chan para os quadrinhos. É a história de um detetive chinês e seu auxiliar Kirk Barrow, que perseguem os malfeitores em todo o mundo, em aventuras com suspense e imprevistos.
1939 - Bob Kane cria Batman, o homem morcego, estreando na revista Detective Comics, que será "um verdadeiro delírio" nos EUA, por volta de 1965.

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16 setembro, 2006

Breve apanhado da história dos quadrinhos na Europa e nos EUA (até anos 80). - 1ª parte

Buscar a origem das histórias em quadrinhos chega a ser pretensioso da parte de quem o faz. Alguns fazem alusão à pré-história, com suas pinturas rupestres, outros ainda remetem a Roma antiga, quando colunas eram esculpidas com a vida de determinados imperadores, porém numa coisa todos concordam; o “boom” aconteceu no século XX, quando os “comics” norte americanos ganharam o mundo. Iniciemos esse breve resumo pela época mais antiga.
De acordo com a história da arte, os homens das cavernas utilizavam a pintura como forma de demonstrar sua superioridade frente aos outros animais, acreditando que assim detinham o poder sobre os mesmos. Dessas pinturas, chamadas rupestres, que significa “o que se encontra em rochedos”, pode-se observar uma série de características típicas dos quadrinhos atuais, como sobreposição de imagens e arte seqüencial.
Num segundo momento, através dos hieróglifos, os egípcios mostraram sua capacidade de deixar para a posteridade sua história, decorando seus templos e túmulos e usando muitas vezes o poder da arte seqüencial para narrar as histórias dos deuses e faraós.
Na Roma antiga, a coluna de Trajano baseava-se em monumento criado no Egito onde a história de determinada personalidade, imperadores ou faraós, era contada em forma de uma seqüência de esculturas em relevo, ao redor da coluna, subindo em espiral.
Finalizando essa tentativa de se encontrar os antecedentes diretos dos quadrinhos, ainda pode-se citar a tapeçaria de Bayeux, feita na Inglaterra e com 70 metros de comprimento, onde há um relato da epopéia dos cavaleiros normandos. Essa tapeçaria é considerada “a maior banda desenhada do mundo”.
Esses primórdios ainda não possuíam uma das principais características das atuais HQ’s (apelido carinhoso dos quadrinhos): os balões. A primeira representação de “fala” em uma imagem data de 1370 e é conhecida como a tábua Protat, na qual um centurião romano, diante do Calvário, levanta um dedo em direção à cruz e declara: “Vere filius Dei erat iste” (“Sim, na verdade esse é o filho de Deus”). De sua boca, sai um filactério (designação antiga do balão), contendo essa mensagem.
Esse pequeno apanhado das origens dos quadrinhos remetem a uma época onde essas imagens não eram usadas para entretenimento e sim para fins de relatos históricos. É a partir de 1806, com as estampas de Épinal (pequenos cartões de madeira confeccionados nas oficinas de Péllerin de Épinal, na França, iniciando com temas religiosos, logo passando para temas históricos), que o termo “história em quadrinhos” pode ser usado, pois essas estampas possuem legendas, transformando-se assim numa história contada.
Nessa mesma época, aparecem nomes que seriam importantes para o desenvolvimento mundial dos quadrinhos. Seus nomes eram Topffer e Busch. Topffer foi autor de histórias fantasiosas em imagens: “As Aventuras do Sr. Vieuxbois, do Sr. Cryptogame, do Sr. Jabot”, em 1847, reunidas sob o título de Histories em Estampes. Wilhelm Busch ilustrou seus próprios poemas satíricos ou moralistas, do quais o mais conhecido é “Max und Moritz” (Juca e Chico no Brasil), grande influência para a criação de uma das mais famosas tiras do mundo, Os Sobrinhos do Capitão. No século XVIII muitos foram os quadrinistas europeus que desenvolveram a arte dos quadradinhos e, além dos já citados Topffer e Busch, Christophe (alcunha de Georges Colomb) foi maior nome francês do gênero. Colaborador do Petit Français Illustré, um jornal voltado para o público infantil, ele começou criando tiras para seu filho. “La Famille Fénouillard” foi sua criação máxima, fazendo-o ser reconhecido mundialmente. Até hoje, na França, ele é reconhecido como o criador das HQ’s.
Nesse período, os Estados Unidos encontravam-se em atraso com relação a Europa, usando apenas o recurso da sátira política e social em seus jornais e revistas. A partir de 1880, com o aparecimento das revistas humorísticas, os quadrinhos norte americanos iniciaram um crescimento enorme, chegando até os dias de hoje.
No final dos anos 1880 e início dos 1890, dois jornais disputavam a preferência do público em Nova York, O New York World, de Joseph Pullitzer e o Morning Journal de William Randolph Hearst. Em 1893 Pullitzer, vendo que seu jornal estava caindo em decadência, resolveu se dedicar mais aos suplementos dominicais, produzindo a primeira página colorida de quadrinhos do mundo. O artista era Richard Outcault e a tira era “Down Hogan’s Alley” (O beco do Logan), de onde saiu o mais famoso personagem da época, “Yellow Kid” (um menino com uma camisola amarela, que só ganhou essa cor por ser a única cor que ainda não tinha conseguido ser impressa antes). Vendo o desenvolvimento do concorrente, Hearst contratou Outcault e “O beco do Logan” passou a ser editado no Morning Journal, juntamente com “The Katzenjammer Kids” (Os sobrinhos do Capitão) de Rudolph Dirks.
Partindo desse princípio, vejamos a cronologia dos quadrinhos, com seus criadores e personagens mais importantes:

A Pré-História e o Período inicial dos Quadrinhos:

Período da Pré-História

1820 - Jean Charles Péllerin publica as Estampas de Épinal, na França.
1846-1847 - Rodolf Topffer publica “Histoires en estampes”, ainda na França, contendo as aventuras de “Monsieur Vieux Bois, de Monsieur Cryptogame e de Monsieur Jabot”.
1865 - Wilhelm Busch cria, na Alemanha, “Max und Moritz” (Juca e Chico).
1884 - F. Thumas, na Inglaterra, cria “Ally Sloper”.
1889 - Georges Colomb (Christophe) lança a “Família Fénouillard”, na França.
1895 - A Bonne Presse, na França, edita “Le Nöel”.

Período Inicial: 1895 a 1909.

- 1895 - Outcault faz surgir o “Yellow Kid” no jornal New York World (jornal de Pullitzer). Aparece o primeiro verdadeiro "balão" das HQ.
- 1897 - Rudolph Dirks cria os “Katzenjammer Kids” (Os Sobrinhos do Capitão, no Brasil), no New York Journal.
- 1902 - Surge uma nova criação de Richard Outcault, “Buster Brown”, um garoto louro, esperto e bem vestido, sempre acompanhado de seu fiel cão Tige, personagem publicado no New York Herald, onde Outcault passara a trabalhar.
- Gustave Verbeck, ilustrador e gravador holandês, cria os “Upside Downs”. Esta série conta as aventuras de Little Lady Lovekins e Old Man Mufaroo. Sua importância está no fato de que após ler cada história, basta virá-la de cabeça para baixo para que a ação continue sem interrupção.
- 1904 - Surge a primeira tira diária no American de Chicago, por Clara Briggs (A Piker Clerk). Essa tentativa não foi muito feliz. Em 1907, seria repetida com sucesso por Bud Fisher.
- 1905 - Winsor McCay cria a HQ “Little Nemo in Slumberland” (O Pequeno Nemo no País do Sonho), verdadeira obra-prima de elegância, simplicidade e poesia.
- 1906 - Lyonel Feininger, mais tarde um pintor célebre, de nacionali¬dade alemã, cria para as tiras diárias do Chicago Tribune várias histórias das quais a mais conhecida é a “Kin-der-kids”. Um garoto magricela e seu amigo gordo viajam ao redor do mundo, em busca de aventuras cômicas ou fantásticas.
- 1907 - Bud Fisher, retomando a tentativa frustrada de Clara Briggs, publica a primeira HQ diária autêntica (daily strip), com as aventu¬ras de A. Mutt, turfista malandro pouco recomendável que sempre termina com uma sugestão para as corridas do dia seguinte. Em 1908, Mutt encontra seu companheiro num asilo de loucos e a história toma seu titulo definitivo de Mutt e Jeff. Após a morte de Fisher a série vem sendo desenhada por Al Smith.
- 1908 - Louis Forton cria na França um dos clássicos do gênero: “Les Pieds Nickelés”, no jornal L'Épatant, lançado em 1907 pela Société Parisienne d'Éditions. É a história de três comparsas, ladrões, tra¬paceiros, ricos em invenções. Além do desenho terrível, Forton coloca texto sobre os quadrinhos, completando muitas vezes com os balões. Aí são encontradas, segundo os franceses, as primeiras onomatopéias. Embora tendo aparecido num jornal infantil, realmente é uma história para adultos, por suas sátiras políticas e moral abalada.
- É lançado na Itália o Corriere dei Piccoli e então a Itália começa a criar personagens para as HQ. Atilio Mussino cria “Bilbolbul”, negrinho que sofre desilusões na África, povoada de fantasias em suas pro¬duções. Não havia balões nessa história, mas versos sob os desenhos, criação eminentemente italiana.
- 1909 - O cinema e as HQ (comics) unem-se, quando se realizou o primeiro desenho animado de valor: Gertie, o dinossauro, criação de Winsor McCay.

Encerra-se aqui o Período de 1895 a 1909, considerado por alguns estudiosos como o período de ouro da HQ, por ser uma época de introdução de grandes inovações e de liberdade para a expressão do talento e da originalidade dos desenhistas.