16 julho, 2008

A História dos Kobolds from Hell - parte 4

De manhã, logo cedo, os cinco escolhidos se encontraram na praça central da cidade, como fôra combinado, cada um portando o que achava necessário. A praça de Tetris era famosa por suas feiras livres, onde podia-se encontrar praticamente de tudo. Comerciantes montavam suas barracas e iniciavam seus afazeres. Após os cumprimentos iniciaram a caminhada em direção aos portões quando Reggie interpela:
- Só um minuto... Simon, tu não disse que faltava um?
- Sim, caro Reginald. Não entendo porque ainda não o encontrei. Creio que a jornada deva ser iniciada e encontraremos o sexto escolhido no caminho.
- Mas se falta um, será que nós não vai perder a missão? – pergunta Yirn.
- Blackstone, não sei como respoder a tal questionamento... – Simon
- Mas Yirn só fez pergunta...
Num gesto demonstrando impaciência, Simon leva a mão ao rosto e diz:
- Tudo bem, Yirn. Falemos disso depois...
Enquanto caminhavam pela feira recém aberta, as pessoas continuavam a cumprimentar os dois jogadores de rugbi:
- Yirn também gosta de vocês, mas Yirn precisa ir salvar o dado de deus.
- Calaboca Yirn... Wyrms me mordam, o povo não precisa saber que nós estamos indo embora.
- Mas Reggie...
Nesse momento, enquanto semi-cercados por uma pequena multidão, Moisés nota um movimento estranho atrás de Blackstone:
- Yirn, cuidado!!! Estão tentando roubá-lo.
Virando-se para onde estava sua bolsa de moedas, Blackstone consegue ver quando um pequeno ser encapuzado tentando se desvencilhar das pessoas fugindo com seu numerário:
- LADRÃO!!! Ladrão rouba Yirn!!!
Correndo desajeitadamente e em desespero o diminuto ser não nota quando uma figura gigantesca se põe em seu caminho, fazendo com que ele caia como se batesse numa parede de pedras, deixando cair a bolsa de Blackstone. Baltek abaixa-se e pega o ladino pelo pescoço, levantando-o até a altura de seus olhos:
- Tentando roubar um companheiro meu? A muito espero pegar um de sua laia...
Enquanto falava, Baltek sacava sua espada montante. Yirn segurou-o pelo braço tentando controlá-lo:
- Baltek, aqui não... Ter criancinhas...
- Deixe-me, idiota. Chegou a vez desse sujeitinho.
Alucinadamente, tentando se desvencilhar ao mesmo tempo que perdia suas forças, o capuz saiu de sua cabeça, revelando a face de um goblin adolescente:
- Não Baltek, Yirn não vai deixar... Olha, é só um minino. Vocâ já tá quase matando ele enforcado. Larga!
Quase perdendo a consciência, o pequeno goblin concorda com Yirn, enquanto esse fala. Aproximando-se da confusão, Simon sente uma pequena vibração dentro de sua bolsa. A gema que foi-lhe dada por Ingram brilhava mais intensamente:
- Solte-o Baltek. – ordenou Simon
- Quem tu pensa que é pra me dar ordens?
- Aparentemente o rapaz também vai tomar parte de nossa jornada.
- Grrr... – e Baltek o solta.
O rapaz despenca, caindo quase desfalecido entre os já reunidos heróis. Começa a tossir, tentando recuperar o fôlego. Simon pergunta:
- Pois bem, infante. Viu-se que sua tentativa vã de assaltar Yirn Blackstone foi leviana. Como te nomeiam por estas paragens?
- Coff coff... Meu nome é Shark. Shark Malone. O-o que vão fazer comigo?
- Caso dependesses apenas de Baltek já serias um punhado de carne sem vida. Porém forças me dizem que tu deves fazer parte de nossa jornada. O que me dizes?
- Eu? Andar com vocês?
- Bem, não temos muito tempo e meu amigo Baltek parece precisar de diversão. Eu poderia deixá-lo contigo por alguns minutos e...
- QUE?!?! Yirn não deixa...
- CALABOCA Blackstone! – grita Reggie – Deixa o elfo terminar, gostei do estilo.
Yirn se cala:
- T-tá bom, eu vou... Mas prometa que manterá esse grandão longe de mim. – Shark concorda.
- Muito bem, podemos prosseguir, creio que já está com todos os teus pertences.
- Sim senhor, tudo aqui.
E, novamente, partem para a saída sul. Enquanto caminham, Simon decide deixar sua montaria na cidade, onde será bem tratada e recuperada quando de sua volta. Próximo aos portões, Yirn pára de repente fazendo todos pararem. Ele se volta para Reggie e em tom de impaciência diz:
- Antes de continuar Yirn quer falar uma coisa. Se mandar Yirn calar a boca mais uma vez Yirn te bate como bateu em orc na taverna depois do jogo com o Quimera! Lembra disso, Yirn quase perdeu paciência hoje! – e se vira, como criança aborrecida, novamente caminhando para a saída da cidade.
Os outros olham para Reggie como em tom de desaprovação:
- Que foi? Estão olhando o que? A gente é amigo e eu respeito isso...
E tornam a caminhar. Butcher relembra o acontecido entre Yirn e o orc. Orcs são criaturas detestáveis, geralmente componentes de tribos nômades, que vagam pelas terra, trazendo guerra e desolação. Blackstone o contou sobre o acontecido em sua vila, pouco antes dele iniciar sua jornada para longe dela, e como odiava esses seres por serem os responsáveis. Uma vez, após um jogo contra os Quimera de Raventhaar, o time bebia, como sempre, numa taverna da cidade quando três figuras estranhas adentraram o recinto, encapuzados. Chegaram ao balcão e diziam ser comerciantes em busca de comida e bebida. Yirn, ele e os outros bebiam, brincavam e dançavam com algumas dançarinas do local. Numa das danças, um pouco mais afoito, Yirn esbarrou em um dos sujeitos, fazendo cair seu capuz, revelando sua face orc. Já embriagado o ogro virou-se para se desculpar, ficando face a face com a criatura. Reggie nunca havia visto o ódio tomar conta de alguém de forma tão rápida. O orc, assustado, nem teve tempo de reagir, com suas mãos Blackstone agarrou-lhe pelo pescoço e começou a estrangulá-lo. Os outros dois bateram em retirada aterrorizados, enquanto o restante do time tentava fazer com que Yirn soltasse o pobre ser. O ódio era evidente nas feições de Blackstone e foram necessários 8 jogadores de rugbi para fazê-lo soltar o orc, não antes de se ouvir um forte estalo, vindo da coluna vertebral do infeliz. Quando solto, a criatura caiu desmaiada e a última coisa que Reggie ouviu falar dele foi que não se mexia mais...
Reggie sabia que irritara bastante seu amigo.
Acelerando um pouco o passo, se aproximou de Yirn, enquanto esse acendia um cigarro de fumo:
- Ei, Blackstone... Peço desculpas, às vezes me perco. Sabes que sou teu amigo...
Após uma baforada:
- Yirn sabe e sente muito. Nunca fazer com Reggie o que fazer naquele dia com orc. Yirn sentir vergonha...
- Não se envergonhe, caro amigo. Sei o que perdeu por causa daquelas criaturas e se depender de mim nunca mais vai acontecer.
- Yirn sente saudade de vila... E de mamãe de Yirn...
E com um tapa no ombro, continuaram a caminhar em direção a seus destinos...

Ps.: Caros leitores, o início dessa história é datada de mutio tempo atrás. Caso queiram posso colocar os links aqui. Não sou tão perspicaz quanto Hylenne nesse quesito...

Um comentário:

hylenne disse...

E os kobolds voltaram! :)
Maravilha Yirn, ambos os posts ficaram ótimos... ;)