12 julho, 2008

Slyshire Domination (?) - parte 3

Taí o espírito: se é pra postar, é tudo de uma vez! Dois posts em um dia, estamos evoluindo... hehehe
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Créditos para o Yirn por ter criado o nome da cidade e dado a inspiração para o possível título dos contos dessa série. Valeu figura! :)
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Pra quem não se achar, parte 1 aqui e parte 2 aqui.
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Vinte e cinco de Agosto definitivamente foi um dia bastante atribulado em Slyshire.

Ela andava pelas ruas calmamente, observando as vitrines, enquanto o dia anoitecia. Observadora como era, logo percebeu um homem, no topo de um dos altos prédios da avenida, em pé, olhando para o pôr-do-sol. A luz e a distância permitiram apenas que ela visse a silhueta, estática, contemplando o horizonte. Realmente, pensou, deve ser uma vista linda. Perfeita para alguém que precisa relaxar.

Uma mulher falando próxima retirou seu olhar do homem e a fez voltar a prestar atenção nas vitrines à sua volta. Parou logo à frente do prédio onde vira o homem no topo, admirando um sapato particularmente extravagante que era exaltado com o preço em promoção. Se distraiu por alguns segundos pensando sobre futilidade, e não percebeu o estranho silêncio de alguns momentos que tomou a rua.

A partir daí, várias coisas aconteceram em um segundo. A mulher que antes papeava em frente à loja gritou. Uma freada, uma buzina, dois ou três "ohh" dos transeuntes próximos. Por fim, o som de algo pesado caindo no chão. Tudo foi tão rápido que, ao se virar, ela se deparou com a cena pronta, como se naquele momento tudo estivesse congelado em estarrecimento.

O homem vestia um jaleco branco e o vidro de seus óculos tinha se espalhado - chegara ao chão antes de seu dono. O pescoço quebrado e uma perna virada com o osso do joelho exposto eram incompatíveis com a expressão de tranquilidade do rosto morto. Os motoristas dos dois carros parados ao lado da cena agora saíam do carro, correndo, assim como todas as outras pessoas que estavam na rua - a obscura fascinação por sangue e morte do ser humano. Ela era diferente, mas mesmo assim avançou alguns passos para o corpo antes que estivesse completamente rodeado pelos curiosos. Que erro de julgamento, pensou - um homem relaxando e vendo a vista? Como se isso ainda fosse possível nos dias de hoje. Devia ter previsto.

Com um olhar rápido, constatou que ele não tinha sido clássico em morrer com um bilhete de despedida na mão ou com um gravador nos bolsos. Parecia na verdade ter saído de um dia de trabalho bastante cansativo, com o jaleco ainda meio sujo, olheiras enormes e os cabelos mal-cuidados. Decisão repentina, talvez?

Saiu da cena e retomou seu caminho para casa antes que a polícia chegasse para aumentar a bagunça. Entrou em seu apartamento, tomou um banho e ligou a TV. Em meio a uma xícara de chá amargo, o noticiário começou.

Foi ali que ela percebeu que aquele era o primeiro dos dias problemáticos que viriam.

"Slyshire teve um dia sangrento hoje. Nesta madrugada, foi encontrado o corpo de um homem ainda não identificado em um beco do bairro norte. Completamente desfigurado sobre uma poça de sangue, ainda não há pistas do acontecido. O corpo da modelo internacional Ananda Amstein foi encontrada em seu apartamento às três da tarde, apresentando deformações semelhantes às do homem não-identificado. Recebemos há poucos minutos a informação sobre o suicídio do Dr. Kelvin Hammer, ocorrido há pouco mais de meia hora na avenida central. O bioquímico e premiado especialista em genética se jogou da cobertura do prédio onde o centro de estudos do estado funciona. Ainda não foram divulgados possíveis motivos para o acontecido."

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Um comentário:

Yirn disse...

Inspirado por John Rambo... muito bem, aguardando o desenrolar dessa história. Fiquei sabendo a uns tempos atrás que agluém tinha histórias medievais, não sei quem...