12 julho, 2008

Eu, Zumbi ou Conversa de boteco (6ª parte)

As últimas horas tinham sido muito estranhas para Marcos... Descobriu ser um desmorto, matou alguns caras, encontrou um sujeito mais encrencado que ele nos assuntos sobrenaturais e agora bebiam cerveja juntos num pub... Nesse momento ele pensou no que de pior poderia acontecer e que beber aqueles tragos seria a melhor coisa a fazer.

Daniel, o “invocador infernal” parecia bem calmo, para um indivíduo que acabara de matar um pretenso servo de Deus. Enquanto bebiam, falavam sobre trivialidades, gostos em comum, rock´n roll, mulheres e afins. Depois de alguns tragos, Marcos resolveu retomar o assunto:

- Fala pra mim, cara... O que aconteceu dentro daquele bar? Tu, meio que, tem amigos no inferno?

- Eu não falo muito sobre isso, mas acho que as coisas estão começando a se encaixar... Tu falou em amigos no inferno, né? Bem, não tenho amigos, eu meio que os controlo... Eles fazem o que eu quero. Não sei muito bem como funciona, mas é bem eficiente... Descobri a algum tempo que sou filho de um demônio. Mas não um demônio qualquer e sim um dos que mandam no inferno... Eu to sendo bem simplista...

- Puta que o pariu... Cara, como tu vive com essa merda toda?

Parecia que falavam de frivolidades, como quem fala de um churrasco no último fim de semana.

- No início foi muito difícil... Tentei me matar algumas vezes, mas tu sabe... Suicídio, inferno, então... Nunca deu certo. Me adeqüei à situação... – e mais uma golada.

- E... Tipo... Pra que que tu tá na Terra? Pra ser tipo um anticristo ou coisa assim?

- Eu pesquisei algumas coisas... Sobre os planos de meu pai... Há muito mais sobre o inferno escrito por aí do que nós sabemos. É muita coisa pra falar agora, mas tu tem que saber que não são céu e inferno... Estão mais para dimensões paralelas... Nós estamos no meio da bagaça e os caras acham que conquistando aqui a vida deles vai ficar mais fácil.

- Então Deus... – Marcos é interrompido por Daniel.

- Esse Deus que todos chamam... Eu não o conheço. Na verdade conheço poucas pessoas dessas dimensões. Conheço pouco até mesmo do inferno. Mas sei que quando chegarem aqui não vai ser muito bom. E tenho pouco tempo para fazer algo...

- Algo como assim?

A cerveja já fazia efeito. James era um cara bem atencioso com Daniel e quando uma acabava, outra era reposta. A conversa surreal se desenrolava cada vez mais natural e Marcos se agradara muito da cerveja irlandesa. Daniel continuava com seus conhaques de acompanhamento e após outra golada:

- Já ouviu falar que 33 é um número não preterido pelas religiões...

- Sei que Jesus morreu com essa idade...

- Pois é, ficou meio cabalístico aqui... Mas pro pessoal de lá é muito importante. Por isso Jesus morreu nessa idade. Ele não poderia ficar aqui mais tempo.

- Mas... Ele veio mesmo para nos salvar?

- Cara, não sei... Acho que ele também não sabia... Só sei, pelo que li, que ele também ficou muito decepcionado com a situação...

- Bicho, que coisa maluca... E eu que só devia ter morrido...

- Hahahahaha, bem vindo ao meu mundo, cara pálida!

E mais um brinde foi feito...

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