19 janeiro, 2007

Cria de Satã? (Eu, zumbi! - 4ª parte)

Marcos correu. O máximo que pôde. As sirenes diminuíram de volume e as ruas ficaram mais escuras. Ele conhecia o lugar e sabia que havia uma espécie de pub barra pesada ali perto. Se dirigiu pra lá, com o intuito de se esconder. Chegando lá, num lugar de nome bem esquisito, entrou, passou pelas mesas de sinuca e foi direto ao bar. Pegou uma das carteiras, a carteira de Mauro “infeliz, desgraçado”, sacou uma nota de 50 e pediu vodka:
- A garrafa...
- Tá bom, mas se ficar bêbado ninguém aqui vai te levar pra casa.
Pôs-se a beber, pensando no que acontecera:
- Você ta fedendo, guri...
Ouviu isso do sujeito ao seu lado, mas não o conhecia. Ele poderia estar falando com outra pessoa, afinal, o bar estava cheio. Continuou com a vodka:
- Não é todo dia que surge alguém cheirando a sangue e tripas... Aliás, tem cérebro no teu sapato...
- Tá falando com quem, amigo?
- Tô falando contigo e não sou teu amigo... – continuou o sujeito, com ar de superioridade. Ele tinha uma aparência esguia e muito atraente, mesmo para um homem. Bebia uma cerveja irlandesa, enquanto bebericava um conhaque. Mas, como ele poderia saber? Tantos cheiros, tudo escuro... Como encarar isso?:
- Você ta enganado...
- Sim, e você não ta morto.
- O que você quer de mim?
- Nada, só puxar papo... Não é sempre encontro um morto-vivo ensangüentado tomando uma garrafa de vodka.
- C-como assim? Você é maluco?
- Bem, se tu não ta afim de conversar...
- Mas como você sabe?
- É difícil de explicar, mas eu sei várias coisas...
- E tu sabe como isso acontece?
- Sei o trivial... Asteróide estranho bate na Terra, lixo tóxico do exército, macaco das florestas da Nova Zelândia... Tu não sabe como ficou assim?
Aquela conversa alucinava a mente de Marcos cada vez mais. Acabara de levantar do túmulo, matar três pessoas e tinha encontrado o sujeito mais nonsense da face da Terra:
- Então ta, se não quer falar...
- N-não, calma aí... Eu ainda estou digerindo isso tudo. Cara, em menos de duas horas várias coisas bizarras aconteceram comigo... Puta que pariu... – levou a mão a cabeça e tomou uma golada de vodka:
- Ah, eu sei como..... BLAM!!!
Subitamente, irrompe porta adentro um homem forte, com uma cruz de metal pendurada no pescoço, uma máscara de esqui e uma escopeta calibre 12:
- Onde está ele??? Onde está a cria de Satã???
O barman, imediatamente, sacou de uma pistola sob o balcão e atirou contra o homem. O tiro atravessou-lhe o braço direito e fazendo-o recuar dois passos. Porém, isso não o fez parar e disparou no barman, espalhando sua cabeça por todo o bar:
- ONDE ESTÁ VOCÊ, DEMÔNIO!!!
“Meu Deus!!” – pensou Marcos – “Será que sou eu?!?! O que eu vou fazer!!!???”:
- Ah, por favor, até aqui??? – o sujeito que estava ao seu lado, levantou-se e partiu em direção do atacante:
- Vá se foder, desgraçado!!! Você e sua religião maldita!!! Você quer demônios? Que tal esse?
Nenhum movimento foi feito. O tempo parecia parado. As pessoas dentro do bar estavam completamente atônitas, somente Marcos parecia se mover. Quando o chão em frente ao homem começou a se abrir, Marcos não acreditava nos seus olhos. O homem com a escopeta parecia apavorado e aparentemente havia iniciado uma oração. O chão continuava a se abrir e ele não conseguia mover os pés que, lentamente, começaram a, literalmente, ser tragados terra adentro, por mãos invisíveis:
- AAAAAHHH Pai nosso que estais no céu...
O sujeito do bar, pegou a garrafa de vodka, quebrou-a no balcão e caminhou lentamente na direção do homem:
- Cala essa boa, imbecil... Você acha que tem alguma moral pra falar o nome do seu deus assim? Não conhece os “mandamentos”?
- P-p-p-por favor, n-não faça...
Enfiou a garrafa quebrada boca adentro do mascarado. O sangue jorrava pela máscara, enquanto ele continuava:
- Você acaba de matar um homem... Será que “não matarás” não significa algo pra você?
E o homem continuava a berrar enquanto tirava a máscara e revelava uma face tatuada com uma cruz estilizada e seu maxilar inferior solto, banhado em sangue fresco. A terra continuou tragando-o até que, na altura da genitália esta se fechou, cortando-o ao meio.
Marcos assistia a tudo aquilo, horrorizado. As outras pessoas ainda estavam petrificadas, como que enfeitiçadas por alguma coisa:
- Merda, vou ter que beber em outro lugar...
Voltou ao banco, pegou o casaco e foi para a porta do bar, passando sobre o meio-corpo jogado no chão. Saiu do bar e após alguns segundos voltou:
- E você? Vai ficar aí ou vai vir comigo?

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Será o Marcos?

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