27 março, 2008

Reator do Proletariado - Gênese parte 2

Quando criança, um sonho perseguiu Mikhail por algum tempo. Nathalia era a menina mais bonita da escola, pelo menos a seus olhos e, nesses sonhos, ele tentava conversar com ela, sempre sendo ofuscado por algo que não sabia o que era. Uma luz extremamente brilhante fazia com que desviasse o olhar, sempre que tentava fitar algo a sua frente. E acontecia quando ela chegava... Mikhail não entedia o por que. Depois de algum tempo, começou a acreditar que o motivo seria a imagem que ele fazia da menina. Sendo isso ou não, a verdade não demorou a aparecer. A janela entreaberta de seu quarto deixava os raios de sol baterem exatamente nos seus olhos, criando essa sensação estranha em seus sonhos.

O despertar foi como o sonho. A sensação de "deja vu" inevitavelmente aconteceu, apesar da nebulosidade mental do momento. Não conseguiu abrir completamente os olhos e usou as mãos para se proteger. Reclamou como uma criança que acaba de acordar pela manhã e esperou até que seus olhos se acostumassem à luminosidade. Quando pôde abrir os olhos, visualizou o céu aberto de um dia ensolarado. Pensou no que estaria fazendo dormindo em campo aberto, mas essa era a menor de suas preocupações. A principal ainda não lhe ocorrera.

Olhou para os lados, procurando algo conhecido. E só viu o céu. A situação estava cada vez mais estranha, beirando a bizarrice. Por que se deitaria em um lugar tão alto? Apoiou as mãos para poder levantar-se... Apoiou? Onde? Quando olhou para baixo o pavor tomou conta dele ao perceber que o leito confortável onde descansava era o próprio céu. Como que num desenho animado de um certo pássaro veloz e seu algoz coiote pôs-se a cair! Lembrou-se remotamente de ter sentido algo semelhante anteriormente, algo a ver com trampolim e piscinas, mas nunca assim. Não conseguia gritar, apesar de sentir suas cordas vocais em um movimento frenético em sua garganta...

Após dois minutos de queda, nada mudou. A aceleração da gravidade não ajudava muito e o misto de terror, frio e velocidade exagerada o fizeram desmaiar.

Naquele dia, sismógrafos de Novosibirsk, capital da Sibéria, registraram um tremor de terra de 5.4 graus na escala Richter, 150 km ao norte.

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