24 junho, 2007

Reator do Proletariado

Parecia um início de turno como qualquer outro, onde técnicos entram e saem de seus postos, sem muito o que falar. O cansaço toma conta dos que deixam o trabalho e o tédio dos que chegam. O trabalho em Chernobyl não era dos melhores, mas trazia sustento para Mikhail Chevchenko e sua família. O frio era insuportável, fazendo com que o trabalho se tornasse mais agradável naquele meio de feriado prolongado.

A transferência de Kiev para Pripyat tinha acontecido sob reclamações da mãe de Mikhail, mas, como um jovem de 25 anos, recém formado Técnico Nuclear pela Escola Técnica de Kiev poderia trabalhar em Kiev? Teu pai morrera quando ainda era criança. Possuíam uma vida tranqüila antes de sua morte, pois sendo militar e fazendo parte do Partido nunca foram incomodados pelo governo. Após a morte do pai, ainda sem explicação, como a maioria das outras, a vida mudou. As dificuldades começaram, os amigos sumiram, o Partido já não se fazia presente. Com muita dificuldade e esforço de tua mãe, Mikhail conseguiu terminar os estudos e conseguir um emprego estável. Não agradava a ela seu único filho trabalhando na que seria a maior e mais segura usina nuclear do mundo, mas as opções eram escassas e a mudança foi feita.

Com apenas 3 meses no trabalho Mikhail ainda não se sentia tão entediado quanto seus companheiros de profissão. Chegava bem disposto e cumpria com maestria seu trabalho, sempre curioso por conhecer os procedimentos da usina. Ele fora informado que testes seriam efetuados para verificar os protocolos de segurança e que deveria ficar de prontidão.

Junto com ele trabalhavam mais 2 técnicos, Yuri Andreivitch e o outro que era conhecido apenas por Boris, sujeito que pouco falava e por isso não conhecia muito. Mikhail e Yuri passavam boa parte do tempo conversando pois o reator 4, do qual eram responsáveis pelo controle dos sistemas de emergência e refrigeração do núcleo, sempre fora estável. Yuri estava um pouco inquieto, devido ao teste que seria realizado:

- Não são testes de rotina, Yuri?

- Na verdade não, Mikhail. Em todo o tempo que estou aqui, nunca realizamos algo assim. O desligamento dos nossos sistemas deixam o reator sem controle algum de refrigeração. Os engenheiros disseram que será um teste rápido, mas mesmo assim me preocupo. O que acha, Boris?

- Acho que estamos aqui pra obedecer... – e sai da câmara.

- Ele sempre foi simpático assim?

- Só quando o vejo, hehe. Vamos esperar as ordens.

Enquanto isso, toda a sala de controle se preparava para efetuar os testes. As informações eram passadas de dez em dez minutos pelo sistema de comunicação deixando os técnicos em alerta. Próximo da uma da madrugada, os técnicos da segurança foram informados que deveriam desligar seus respectivos sistemas o que foi prontamente feito. Vinte minutos após o início do teste os problemas começaram. A situação deveria ter sido controlada em questão de segundos, mas os sistemas de segurança do reator 4 não entraram em operação:

- Era algo assim que eu temia!

- O que devemos fazer? O automático não funcionou, precisamos ativar manualmente! Onde está Boris? Essa é sua função!!!

O alerta já havia sido acionado e os protocolos estavam sendo seguidos por todos os técnicos. Yuri tentava desviar sistemas de refrigeração oriundos do reator 3, mas o superaquecimento cada vez mais piorava:

- Tenho que acionar no manual. Vou até a câmara de compressão do reator ativar o sistema.

- Mas você não tem o treinamento necessário, Mikhail! Onde está aquele maldito Boris???

- Sempre me mantenho informado dos protocolos de segurança de toda a usina. Posso fazer isso. Avise aos engenheiros e trate de sair daqui, vou vestir a roupa anti-radiação e ligar o sistema.

“Aquelas noites perdidas, lendo os manuais têm que servir pra alguma coisa” era a única coisa que passava pela cabeça de Mikhail. Para um simples soviético do interior aquela usina significava o ápice da tecnologia e, apesar das informações que chegavam do ocidente, a propaganda do partido ainda era a mais forte. Isso trazia uma certa segurança pois tecnologia e segurança andam sempre juntas, pelo menos assim pensavam todos.

Mikhail não tardou a chegar à câmara de descontaminação e rapidamente vestiu-se de todo o aparato necessário para se aproximar com segurança do reator. Dois minutos e estava pronto, certificou-se de trancar a câmara de descontaminação e foi em direção da câmara de compressão. “Rápido, rápido!!!” era o que passava pela sua cabeça, ultrapassou a ultima escoltilha, trancando-a, se aproximou dos controles de refrigeração. Os controles estavam completamente loucos e as leituras mostravam níveis absurdos de calor.

Ali estavam os controles e Mikhail sabia o que fazer, a primeira alavanca foi acionada e...

20 junho, 2007

Tá foda...

Isso é um pedido de desculpas... Não tenho tempo, não tenho dinheiro e não tenho tempo... Sou brasileiro e foda-se... Pois é, e vai ficar mais um tempo sem postagens, lamento, não sumam...