22 agosto, 2007

Zero - prisão e glória

Tan tan tan tan tan tantantantan (musiquinha de plantão de notícias na TV), corta para o âncora do principal jornal:

- Notícia urgente! Acabamos de ser informados que o assassino serial conhecido como Zero acaba de ser preso após ser perseguido pela polícia nos arredores da Praça Central após fazer mais uma vítima, o pastor e líder da congregação Grande Senhor Divino. Temos imagens exclusivas do momento da prisão...

Corta ao vivo para a repórter do programa de fofocas, que cobria o evento onde se encontrava o pastor:

- É com exclusividade que mostramos a imagem da captura do assassino Zero, que mesmo encurralado, derrubou 3 policiais e só foi contido com a ajuda de taseres. Vejam só, ele ainda está mascarado! Pelo que parece, ele tem por volta de 2 metros de altura, é alterofilista e luta muito bem! Ele vem se aproximando... Creio que a polícia quer desmascará-lo em frente às câmeras!!! Isso é maravilhoso!!!

Ao se aproximar das câmeras, o chefe de polícia (que também participava do evento) chega ao microfone:

- É com muito orgulho que a chefatura de polícia mostra a cara deste meliante!

E retira sua máscara... Por baixo dela um rapaz aparentando 20 anos, negro e com feições bem comuns. No canto da boca um esboço de sorriso sarcástico, num deboche absurdo para alguém normal:

- Vejam, telespectadores! Mesmo tendo sido capturado ele ainda sorri. Alguma coisa a declarar, sr. Zero?

- Acham mesmo que acabou? Você é uma das próximas, Penélope... – e com enorme rapidez, desfere uma cabeçada no nariz da repórter, quebrando-o e criando uma cachoeira de sangue. Os policiais que o seguravam, saltam sobre ele, desferindo socos e mais socos

Corta para o âncora, com a mão na boca, apavorado:

- E-e essa foi a exclusiva da prisão de Zero, um assassino serial que vinha apavorando nosso país. Voltamos a nossa programação normal.

09 agosto, 2007

A História dos Kobolds from Hell - parte 1

Tendo vencido as planícies de Gamrika e chegando ao sopé da montanha Morgul, Simon Van Helmont parara com sua montaria para um descanso. A viagem havia sido longa, as provisões estavam no fim e ele se sentia feliz por estar próximo a Tetris, seu objetivo. Um mago não é feito para este tipo de viagem, mas sua missão era muito importante para pensar nisso. Tetris era uma das grandes cidades existentes e seria simples conseguir um grupo de pessoas honradas e valorosas para cumprir tal objetivo. Sassafrás bebia água de um córrego enquanto seu dono observava a estrada. Poucas caravanas seguiam para aqueles lados, pois, apesar de mais curto, o caminho era perigoso pelo fato de Morgul ser íngreme. Apenas grupos pequenos ou andarilhos solitários se aventuravam por ali. Visto que Sassafrás já saciara sua sede, era hora de continuar.
Após uma hora de cavalgada lenta, Simon avistava as muralhas de Tetris. A fortificação era enorme devido aos constantes ataques Orcs em anos passados. Sentinelas mantinham sempre vigília em guaritas altas e armadas com pequenas balistas. Tendo se aproximado o bastante para chamar a atenção de uma sentinela, Simon desmontou e aguardou o aviso:
- Quem se aproxima?
- Simon Van Helmont, devoto de Palier. Vindo de Elfren, lar élfico ao norte.
A rotina dos sentinelas diziam que todos tinham que se apresentar ao chegar aos portões, enquanto a área ao redor era checada por outros guardas. Após alguns instantes, as maciças portas de madeira e ferro se moviam, permitindo sua passagem. A cidade era fascinante, a mistura de povos e raças era sem igual. Todos viviam relativamente em paz, afinal, como toda cidade grande, existem ricos e pobres, o que ocasiona pontos de revolta em parte da população. Simon já havia estado lá antes, travando comércio com artesãos humanos. Sentia-se cansado e tinha de arrumar um estábulo para Sassafrás. Buscando pela informação, foi levado a um próximo do estádio municipal. O esporte mais praticado da região era o Rúgbi e o dono do estábulo o informou que as finais seriam nesta noite.
Sem ter o que fazer naquela noite, era uma boa opção. Não sabia muito do esporte, mas como este agrada boa parte da população, resolveu assistir o jogo, após se hospedar numa estalagem próxima.
A noite chegou e as pessoas se aglomeravam em frente ao estádio, esperando encontrar um bom lugar. Simon esperou até que a entrada ficasse mais desocupada e adentrou o lugar. Era espantoso como os humanos usavam o cérebro para tal fim – pensou. Milhares de criaturas se amontoavam para assistir a um bando de outras criaturas correr atrás de uma bola. Assim eram os seres humanos, a pureza de coração e o ódio mortal eram suas principais características. Fascinantes e dignos de medo, sua contradição os fazia sobreviver neste mundo cruel. Diferente dos anões, insuportáveis habitantes das cavernas, grandes armeiros, mas odiosas personalidades. Deixando de divagar, Simon sentou-se onde poderia avistar todo o campo e esperou pelo início. Os Kraken Megalonianos tentavam uma vitória sobre a quase imbatível equipe dos Manticores Tetrienses. Rixa antiga que os atuais jogadores mantinham com tanta avidez quanto antes. Duas cidades que disputam tanto econômica quanto politicamente o controle do Estado, sendo que isso se transferia para os jogos de rúgbi.
Os Kraken vinham com um bom time, estável e vencedor. Seus jogadores eram brutamontes com uma média de dois metros de altura e força descomunal. Porém, os Manticores tinham um trunfo, como havia dito o estalajadeiro, um poderoso Ogro, uma criatura forte como um elefante anquiliano e com peso proporcional. Como os tetrienses conseguiram convencer um ogro a participar de tal atividade em grupo, ninguém sabia, pois comumente os ogros viviam em tribos e os que viviam nas cidades eram mercenários e pouco amigáveis.
Neste instante os times invadem o campo, cada qual com seu estandarte. Quando o jogador ogro de Tetris invadiu o gramado, Simon sabia que este seria um dos escolhidos. Realmente era uma criatura enorme, facilmente avistável no jogo. Monstruoso, corpulento e sorrindo? Isso sim era uma novidade. Era um dos mais sorridentes ao entrar em campo e a multidão correspondia a essa simpatia. Aclamado pela torcida, todos gritavam o que deveria ser seu nome: Blackstone.
Após o anúncio das equipes o jogo teve início. A violência imperava e os megalonianos sentiam a diferença do jogador de outra raça. Cinco ou seis jogadores eram necessários para segurar o monstro que nunca desistia. Suas comemorações eram dirigidas sempre ao mesmo jogador, com qual parecia ter certa afinidade. Jogadas ensaiadas, arremessos precisos e recepções perfeitas eram comuns entre os dois. Simon observava com atenção, pois deveria contactá-los logo após o jogo. A torcida berrava quando os Manticores venciam o campo e invadiam, se aproximando cada vez mais do gol adversário.
O fim estava próximo e os tetrienses venciam por 10 pontos de diferença. Os Kraken estavam nervosos e cometiam faltas seqüenciais. Quando, com extrema violência, um megaloniano acerta um chute, não permitido nesse jogo, num manticore, pouco abaixo do peito, na direção do estômago. O público veio abaixo e as vaias começaram. O jogador se contorcia de dor quando, como que em defesa de seu companheiro de equipe, um jogador se lançou sobre o faltoso, derrubando-o e distribuindo socos no seu rosto. Era o início da confusão. Os reservas invadiram o gramado e, para surpresa de Simon, o ogro estava apartando a luta. Enquanto todos tentavam se acertar, Blackstone empurrava companheiros e adversários, tentando separá-los. Quinze minutos e muitas expulsões depois a partida pôde ser reiniciada e correu bem até o final com a vitória de Tetris.
Simon se procurou se informar onde os atletas comemoravam a vitória e tomou a direção de tal lugar a fim de aguardá-los. Os jogadores eram carregados e ovacionados pelo povo sendo impossível falar com eles nesse momento.
O mago procurou uma mesa desocupada e saboreava um vinho da cidade quando a equipe chegou, próximo do anoitecer. Enquanto entravam eram brindados pelos clientes e litros de cerveja foram oferecidos. Começaram a se fartar das iguarias, contando os feitos e brindando a cada 15 minutos. Após um certo tempo e com a estalagem mais vazia um fato inesperado aconteceu, componentes do time megaloniano, revoltados com a derrota, invadiram o lugar e iniciaram uma discussão com o pequeno grupo de tetrienses que ainda se encontrava ali. A discussão tomou uma proporção tamanha que um caneco de cerveja foi arremessado acertando um sujeito corpulento, mal encarado e com longos cabelos negros que estava quieto e isolado num canto da taverna. Encharcado de bebida e com um filete de sangue escorrendo pela testa ele levantou-se e, sem dizer uma palavra, segurou a cabeça de seu algoz, um megaloniano, e violentamente, afundou seu crânio no balcão. Os ânimos que não estavam bons, pioraram, iniciando uma briga sem precedentes. Cadeiras voavam, pessoas eram jogadas pelo balcão, enquanto de relance Simon notou que os outros jogadores megalonianos entravam pela porta. Sem titubear, concentrou-se por uns segundos e uma barreira de chamas se ergueu em frente ao portal evitando a entrada de mais inimigos. Sacando de seu bastão, concentrou-se novamente e no outro segundo este se encantava, ficando mais eficaz num combate direto. Entrou na luta, usando de suas técnicas de combate milenares. Blackstone e seu amigo derrubavam oponentes com poderosos e eficazes golpes e o monstro de cabelos compridos parecia se deliciar com a batalha, a cada inimigo derrubado um urro de felicidade era pronunciado, nem o ferimento em sua cabeça o fazia parar. Tetrienses e megalonianos caíam enquanto os quatro se mantinham de pé. Minutos depois a milícia invadia o bar encontrando apenas os quatro e o taverneiro ainda conscientes:
- Blackstone! Butcher! O que aconteceu aqui??? – perguntou o guarda.
- Estávamos apenas bebendo e estes imbecis krakens procuraram briga. – respondeu Reggie Butcher.
- E quem são estes dois?
- Eu me chamo Simon Van Helmont, de Elfren e permiti-me a defesa própria, sendo que seria massacrado se tal não fosse feito.
- Eu sou Baltek... Tava bebendo e esses idiotas quebraram um copo na minha cabeça!
- Ele diz a verdade, guarda. – disse Yirn – Só se defendeu...
- Muito bem, vou levar esses megalonianos arruaceiros presos e providenciarei para que os outros sejam levados para a missão de cura.
Com tais palavras, vários guardas entraram e levaram os prisioneiros sob custódia, enquanto o estalajadeiro oferecia mais bebidas aos “sobreviventes”.
- Vamos beber até o dia raiar! – comemorou Reggie.
- Posso tomar a palavra com os senhores? Tenho uma proposta que, devido a sua importância para o futuro do mundo, interessará bastante.
- Ele disse que quer tomar a palavra, Reggie? Mas aqui só tem cerveja e vinho.
- Calaboca, Yirn... Não preste muita atenção nessas coisas, ele não é muito inteligente. Diga-me, o que pode nos interessar tanto?
Enquanto isso, Blackstone aproximou-se do homem de cabelos negros, tentando iniciar uma conversa:
- Oi, queria te agradecer por nos ajudar.
- O que você quer?
- Tô tentado ser gentil...
- E quem te pediu isso?
- Tudo bem amigo... Você é grande como eu e acho que...
- É, eu sou um ogro também, mas não quero jogar rúgbi.
- Eu sabia. EI REGGIE, ele também é ogro.
- Legal, Yirn, vê se vocês se entendem! – respondeu Reggie.
- O que cê faz?
- Amigo, não conseguiu entender que não quero conversa?!
Com tal demonstração de inimizade, Blackstone recuou enquanto Simon se aproximou dos três:
- Vejo que tens um ferimento que continua a sangrar...
- Não tem problema, amanhã tá bom.
- Posso resolver agora, sou estudioso das artes místicas e tais conhecimentos me ensinaram a curar com certa destreza.
- Hmmm... Não gosto de feitiçarias... Nem de feiticeiros...
- Caro companheiro de peleja, não sou nenhum feiticeiro. Sou um mago, discípulo de Ingram e devoto de Palier, protetor das florestas e todo o ecossistema lá presente. Acha mesmo que vou te fazer mal?
Yirn, coçando a cabeça:
- Não entendi nada, só o final...
- Não é pra entender mesmo, Yirn... Se o “senhor sensível” não deseja se juntar na nossa empreitada em busca de riquezas e poder, que fique aqui nesse bar, bebendo até a morte.
- Olhe como fala, homenzinho!!!
- Calma, cavalheiros. Isso pode ser resolvido de uma maneira melhor. Tu te mostraste um valoroso guerreiro. Não gostaria de se juntar a nossa busca?
Bebendo o último gole da cerveja que ainda estava em sua caneca, Baltek pergunta:
- E o que eu ganho com isso?
- Além de salvar o mundo, serás recompensado após a missão.
- Tá... Estou sem emprego mesmo... Agora, desafasta com essa feitiçaria... Tem uma missão de cura na cidade, é lá que vão consertar esse ferimento. Telak não gosta de feitiço.
- E quem seria esse Senhor Telak?
- Telak é deus da guerra, senhor de Prumor, pra onde vão todos os guerreiros que morrem em batalha.
- Ei, ei! Será que podemos procurar o curandeiro logo, o braço do sujeito ainda está pingando sangue...
E assim teve início uma grande amizade.

Obs.: essa história se passa antes da história "A Busca"... Acontece que achei isso no meu micro e resolvi continuar. Qualquer dúvida me liga...

Breve apanhado da história dos quadrinhos na Europa e nos EUA (até anos 80). - 4ª parte

O PERÍODO DE RENOVAÇÃO DAS HQ

Após os problemas encontrados na década de 40, a HQ ame­ricana irá esbarrar com um novo obstáculo ao seu desenvolvimento: o ataque feito contra as HQ’s por algumas pessoas de prestígio - psiquiatras, educadores, psicólogos e outros. Esses ataques se acentuaram nos anos 50.
A HQ foi acusada de representar para os jovens uma perda de tempo e de atenção, de desenvolver a preguiça mental, de não ter nenhuma sutileza, de tornar as coisas demasiadamente fáceis, de falta de estilo e de moral, de humorismo imbecil ou de reduzir as maravilhas da linguagem a grosseiros monossílabos. Com o aumento da delinqüência juvenil após a Segunda Grande Guerra, esses ataques se tornaram mais violentos e as acusações de psicólogos e pedagogos culminaram com a publicação da obra do psiquiatra Wertham (1954), The Seduction of the Innocent (A Sedução dos Inocentes).
Nesse estudo, com exemplos de algumas HQ’s (apenas as más), Wertham aponta a HQ, numa generalização abusiva, como "a fonte de todos os problemas americanos". 17 Vários estudiosos', todavia, analisaram o problema de forma mais racional e refu­taram argumentos como o de Wertham, mostrando que, na rea­lidade, "as HQ’s não exerciam sobre as crianças uma influência mais nociva do que aquela dos contos de fadas ou das histórias de mocinho e bandido".
Apesar das sucessivas defesas das HQ’s, os sindicatos norte­-americanos submeteram os desenhistas a uma rigorosa censura. Isto acentuou a crise pela qual passavam as HQ’s, que já vinham sofrendo com a concorrência da TV americana. A essa época, atacantes da HQ prenunciavam sua queda e até o seu desapa­recimento, prognóstico totalmente errado, pois não levou em conta a enorme vitalidade e o dinamismo conquistado pelos comics. Assim é que as HQ americanas continuaram no seu de­senvolvimento e difusão pelo mundo.

- 1949 - Walt Kelly apresenta em tiras diárias seu Pogo, surgido ante­riormente (1943) numa revista de quadrinhos. São fábulas que se servem de animais para instruir os homens. Vários são os persona­gens apresentados: um urso irreverente, Barnstable; uma raposa pérfida, Seminole Sam; um mocho cientista, pseudo-intelectual e charlatão, o Dr. Howland; um cão de caça que perdeu o faro, Beauregard; um porco-espinho, Porky; uma vamp gambá, Miss Mam'zelle Hepzibah, e os dois personagens principais: Albert, um jacaré de personalidade marcante, e Pogo, pequeno sarigüê racio­nalista e humanista que contrapõe seu pensamento rigoroso ao ro­mantismo e lirismo de Albert. Todos esses personagens habitam o pantanal de Okefenokee, na Geórgia. Couperie (1970) assim se refere a Walt Kelly: "mais um filósofo do que um artista, com suas HQ aborda as grandes questões morais, sociais e políticas de sua época. Isso lhe valeu numerosos inimigos, inclusive o Senador MacCarthy, que foi por ele violentamente atacado na figura de um chacal, mas também granjeou-lhe o respeito e a admiração dos intelectuais, con­tribuindo assim para a reabilitação das HQ" A linha intelectualista criada por Kelly não tardou a ser seguida por vários outros desenhis­tas e argumentistas. Estava lançada a HQ com uma série de inten­ções, desígnios, preconcepções, alusões políticas, filosóficas e meta­-físicas.
- Aparece “Big Ben Bolt”, história de um boxeador, escrita por Elliott Caplin (irmão de Al Capp) e desenhada por John Cullen Murphy.
- 1950 - Surge Charles Schulz, Que se tornará imortal com os “Peanuts” (Minduim, no Brasil). 900 jornais nos EUA e 100 no estrangeiro pu­blicam suas aventuras, segundo os estudiosos das HQ. Schulz inicia uma linha de caráter psicológico e metafísico para os seus persona­gens. Mostra crianças Que raciocinam e agem como adultos, em situações "em que a comédia é apenas um véu sobre a tristeza latente, a crueldade Que se esconde sob o riso, dando aos Peanuts um caráter doce-amargo e uma sutil ambigüidade às vezes descon­certante" (Couperie, 1970). Seus principais personagens são Charlie Brown, lider descrente da natureza humana; Lucy van Pelt, menina cínica, cujo irmão Linus, intelectual precoce e frágil, vive preocupado com um cobertor Que sempre leva consigo; Schroeder, cujo maior prazer é tocar Beethoven em seu piano de brinquedo; Pig-Pen, o sujinho, e vários outros personagens. Merece citação especial o caso de Snoopy (Xereta, no Brasil), um cão filósofo Que, em sua casa, tortura-se com considerações metafísicas. Os Peanuts, como os ho­mens, têm fracassos, fazem perguntas Que não sabem responder, mas a vida continua.

Charles Schulz é um dos criadores de HQ mais comentados nos EUA por psicólogos que analisam as neuroses e fracassos de seus personagens. Schulz é citado até por teólogos, em obras como a de Robert Short, O Evangelho Segundo os Peanuts, que estabelece correspondências entre essas aventuras e os textos da Escritura (Marny, 1970). Os traços de Schulz são simples, usando pouco para expressar qualquer alteração psicológica de seus personagens, mas fazendo-o com tal propriedade que tem sido chamado nos EUA "O Freud dos Comics".
Com Kelly e, logo a seguir com Schulz, renasce com grande vigor a HQ americana com características intelectuais. As histó­rias humorísticas e de aventuras, no entanto, continuam a ser produzidas, paralelamente às de caráter intelectual.

- 1950 - Mort Walker lança “Beetle Bailey” (Recruta Zero), um soldado desajeitado, e seu companheiro Killer, o feroz sargento Sarge e os oficiais superiores, todos satirizados com a vivacidade e competência de seu criador.
- É lançada nos EUA a E. C. Horror Comic, com histórias de vampiros e monstros diversos.
- 1951 - Hank Ketcham mostra com “Dennis, the Menace” (Pimentinha) a vitalidade da história de garotos com as aventuras de um menino despenteado e muito vivo, que, com sua falsa inocência, conquista o conformismo de suas vítimas adultas inábeis e impotentes.
- Na Argentina, José Luís Salinas cria “Cisco Kid”, um cowboy.
- 1952 - Harvey Kurtzmann lança nos EUA a revista MAD, que satiriza personagens das HQ, modificando o estilo de humor nos EUA e no mundo todo.
- 1953 .- Stan Drake cria “The Heart of Juliet Jones” (O Coração de Julieta), com as aventuras romanescas de Julieta e de sua Irmã Eva.
- 1954 - Na Inglaterra, Sidney Jordan cria “Jeff Hawke”, série de ficção científica.
- 1956 - Jules Feiffer inicia a primeira série de anti-heróis da HQ, com a história intitulada Feiffer. O universo de Feiffer é pessimista e depressivo. Nele encontramos Bernard Mergendeiler, um fracassado, devorado por tiques e complexos, além de um grande número de jovens sem destino e mulheres neuróticas. Em Feiffer não encontra­mos sequer cenários. Os personagens, verdadeiros robôs em grandes solilóquios, contam seus infortúnios. É realmente uma "anti-história em quadrinhos".
- Após a polêmica gerada pelo livro “A Sedução do Inocente”, vários heróis tiveram de ser modificados. Dentre eles o Flash ganhou nova identidade, nova vestimenta e nova origem.
- Morre Alex Raymond, e John Prentice passa a desenhar Rip Kirby, "o detetive com óculos".
- 1957 - Mel Lazarus usa o mesmo ponto de partida de Schulz: crianças inteligentes como personagens centrais. Mas em sua história, Miss Peach, os adultos também encontram seus papéis. Na verdade os adultos (Miss Peach, a professora, e o Sr. Grimmis, o diretor da Escola Kelly) são ignorantes, estúpidos e de visão curta, em con­traste com o conhecimento superior e a vivacidade das crianças: Márcia, a garota agressiva, Francine, a coquete, Arthur, o desengon­çado, e Ira, o tímido.
- Leonard Starr cria “Mary Perkins on stage” (Glória), história de uma atriz, com roteiros originais e diálogos preciosos que lhe asseguram o lugar de uma das melhores HQ da época.
- 1958 - Johnny Hart lança B. C. (A. C., Antes de Cristo) com persona­gens pré-históricos que passam a maior parte de seu tempo em especulações sobre o progresso do mundo e o futuro das civilizações, servindo-se de seu binóculo pré-histórico e satirizando a sociedade contemporânea.
- 1959 - Albert Uderzo e René Goscinny criam “Vercingétorix”, que depois se torna “Astérix”. Trata-se de uma história gaulesa que pretende per­petuar a tradição francesa da história em quadrinhos históricos e defender seu folclore, com personagens característicos e uma boa coleção de piadas que inclui até os balões em hieróglifos. Um inqué­rito realizado na França demonstrou que dois franceses em cada três leram Astérix, o que diz de seu sucesso nesse país.
- Modificação efetuada no Lanterna Verde, que ganhou nova roupagem e perdeu quaisquer características místicas que possuíra anteriormente (ficção científica era mais bem visto que magia). Hal Jordan era um piloto de testes que encontra uma aeronave alienígena destruída e, recebe das mãos de um alien moribundo o anel da tropa dos Lanternas Verdes.
- 1960 - Super-Homem, Batman, Mulher Maravilha, Aquaman, Lanterna Verde e Ájax, O Caçador de Marte, formam a mais famosa equipe dos quadrinhos de super-heróis, a Liga da Justiça.
- Stan Lee, Jack Kirby e Steve Ditko iniciam um conjunto que faria história no mundo das HQ’s. Isso porque foram responsáveis, a partir de 1961, pela criação dos mais famosos heróis da Marvel Comics. A principal característica desses personagens era que a vida cotidiana fazia parte de suas páginas. Sendo assim, eles tinham problemas familiares, se apaixonavam, tinham que trabalhar, enfim, tudo pelo que passa uma pessoa normal. Dessa forma nasceram Quarteto Fantástico – Senhor Fantástico, Mulher Invisível, Coisa e Tocha Humana (Fantastic Four) – grupo de cientistas aventureiros que se precipitam numa viagem espacial e são surpreendidos por uma chuva de raios cósmicos, sendo bombardeados pelos mesmos, adquirindo poderes especiais; Hulk – (The Incredible Hulk) Dr. Robert Bruce Banner - um Dr. Jekill e Mr. Hyde da era atômica, criado após a explosão de um protótipo de bomba gama (sucessora quadrinística da bomba atômica); Homem-Aranha (Amazing Spider Man) Peter Parker - jovem estudante picado por uma aranha radiativa quando participava de excursão escolar em laboratório de pesquisas; Thor (Mighty Thor) Dr. Donald Blake – baseado na mitologia nórdica, onde Thor é o deus do trovão, filho de Odin, imperador dos deuses. Quando se viu ameaçado por jupterianos que planejavam invadir a Terra, o Dr. Don Blake se esconde em uma caverna onde encontra um antigo cajado que quando pressionado contra o chão o transforma no poderoso Thor.
- 1962 - Kurtzmann e Elder criam “Little Fanny” e lançam-na na revista Playboy. Esta história é uma mistura da personagem em quadrinhos, Aninha a pequena órfã, com o primeiro nome de Fanny HilI, antigo romance pornográfico. Little Annie Fanny é um misto de Marilyn Monroe e Brigitte Bardot. Com esta história inicia-se uma tendência erótica nas HQ que não falta nas histórias de aventuras, aparecendo de forma velada e implícita (os eternos noivos, com suas vestes justas, umas vezes rasgadas, presos seminus e submetidos a torturas). O erotismo se inicia agora, no entanto, de forma explícita e aberta.
- Jean Claude Forest cria “Barbarella”, na França. O êxito da série é explicado por ter sido a primeira HQ desenhada para adultos na França, além da beleza de traços dos desenhos. Com Barbarella, a mulher se torna objeto erótico porque ela é o erotismo encarnado em mulher.
- Quino (Joaquim Lavados) lança na Argentina “Mafalda”, perso­nagem que protesta continuamente contra a guerra, as injustiças sociais, meios de comunicação, a vida rotineira de sua mãe e até contra a “sopa”, que, apesar de detestar, é obrigada a tomar. Nota-se nitidamente em Quino a influência de Schultz e dos Peanuts. Mafalda vive com amigos, todos crianças, os problemas psicológicos de “adultos”. Contrariamente ao Peanuts, Mafalda possui, no entanto, uma consciência política bastante desenvolvida. (Masotta, 1970).
- 1963 – Sai da mente de Stan Lee e Jack Kirby, os primeiros X-Men. Primeiros heróis atingidos pelo preconceito racial. Mutantes de nascença, esse grupo promissor era formado por Ciclope, detentor de poderosa rajada ocular, Garota Marvel, telepata e telecinética, Homem de Gelo, capaz de criar e se transformar em gelo, Fera, homem corpulento e de capacidades acrobáticas superiores e Anjo, ser dotado de enormes asas emplumadas.
- 1964 - Na mesma linha dos B. C., surge nova história criada por Brant Parker (desenhista) e Johnny Hart, que se incumbe do texto: “The Wizard of I.D” (O mago de Id). Desta vez a Idade Média foi escolhida para contes­tar nossa sociedade. Trata-se da história de um rei baixote, pessi­mista e mau, que habita um castelo com súditos não menos maus, arrogantes e trapaceiros. Prestam-lhe serviços um mágico de capa­cidade duvidosa e um cavaleiro ardiloso e covarde, que, no entanto, apesar de suas mazelas e defeitos, são as únicas pessoas capazes de demonstrar humanidade. Em “The Wizard of I.D” nada vale a pena e nada se modifica.
- 1964 - É lançada na França a revista Chouchou, revelando novos de­senhistas franceses como Paul Gillon, com Náufragos do Tempo.
- 1965 - Peter O'Donnell e Jim Haldaway lançam na Inglaterra “Modesty Blaise”, série de aventuras.
- 1965 - É lançada na França a 1ª reedição luxuosa de Pieds Nickelés. - Surge na Itália a revista Unus.
- Nos EUA são publicadas Eerie e Creepy, revistas de terror de alto nível.
1966 - É lançada a revista francesa Phénix, com estudos sobre HQ. 1966/1967 - Guy Pellaert e Pierre Bartier criam, na França, jodelle (expressão em quadrinhos de Sylvie Vartan, segundo Marny) e Pravda (representação de Françoise Hardy, segundo o mesmo autor). (Marny, 1970). É o início da pop-art nos quadrinhos, com erotismo acentuado.
- 1967 - Guido Crépax desenha Neutron na revista Unus e depois Valentina, personagem erótica que conquista o público italiano e se difunde por vários países.
- 1968 - Nicolas Devil cria na França a Saga de Xam. Surgindo num misto de ficção científica e de erotismo, Saga coloca problemas ra­ciais, violência e não-violência. É uma extraterrena que vem à Terra a partir de outro planeta, em épocas diferentes, encarregada pela Grande Senhora do Planeta Xam, onde vive, de estabelecer na Terra uma proteção psíquica contra os invasores do seu planeta. Mas na Terra deixa-se seduzir e ganha os vícios dos homens. Quer assenho­rear-se do poder e tornar Xam um planeta forte e vigoroso, mas quer fazê-lo sem violência, pois na realidade Saga se apresenta como ; uma mensagem de paz e amor.
- 1969 - R. Crumb apresenta Zap Comix, quadrinhos underground e pornográficos. Percorrendo o passado da HQ, é relativamente fácil reconhecer que a HQ "não é uma série incoerente de desenhos mas a forma autêntica dos sonhos, das aspirações, das grandezas e miséria do nosso século". (Couperie, 1970).

Pra posteridade - 1º passo

O vento passeava pelo meu rosto e seu uivo entre os prédios era como música. O beiral do edifício estava sob meus pés, sólido como o próprio chão da calçada em frente. Chegar até ali foi um exercício de força de vontade, mas o primeiro passo deveria ser dado. Nunca na minha vida algo se tornara tão palpável quanto essa necessidade que surgira. Chegar a esse ponto, para muitos, é loucura, para outros tantos, covardia... Alguns chamam de coragem... Eu chamo de alívio. De liberdade. O primeiro vôo de um pássaro, a primeira caçada de um guepardo, a primeira transa de um adolescente. Só que a sensação seria única... A lua me olhava severa... Severa ou sorridente? Depende do ponto de vista. Eu sempre a vi como uma matriarca mandona, daquelas que regulam seus dependentes de formas bem severas. Coitadas das estrelas. Com o fim do cigarro eu dou um passo para trás. Como foi dito antes, o primeiro passo foi dado e mais dois estavam por vir. Boa sorte pra mim.

08 agosto, 2007

Desculpas

Preciso postar. Sei disso, mas ando tendo muitos problemas com internet e afins (no momento eu estou na faculdade). Tá uma merda. Nem escrever eu consigo direito, minha mulher se mudou de cidade, em suma, PUTA QUE PARIU... Bem, vou escrever as histórias e colocar aqui, não sumam, por favor. Agradeço a todos pelas visitas e pelos comentários. Falou.